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‘Relatos de um homem só’, estreia em teatro na Zona Sul do Rio

Debatendo a violência contra a mulher, monólogo documental de Gabriel Taco foi desenvolvido a partir de depoimentos reais de mulheres vítimas de violência

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Gabriel Taco
'Relatos de um homem só', chega em teatro na Zona Sul do Rio (Foto: Fabiana Bueno/ Divulgação)
Gabriel Taco

‘Relatos de um homem só’, chega em teatro na Zona Sul do Rio (Foto: Fabiana Bueno/ Divulgação)

Onde começa a violência contra a mulher? Um dos debates mais importantes na sociedade atual foi o ponto de partida e inspiração para o espetáculo “Relatos de um homem só”, o novo trabalho cênico de Gabriel Taco. Monólogo documental escrito a partir de depoimentos de mulheres vítimas de violência, o espetáculo escrito e interpretado pelo ator, com a colaboração da diretora Gabriela Guinatti e preparação corporal de Meg Lovato realiza temporada presencial às sextas e sábados entre 03 e 25 de setembro às 19h na Casa de Cultura Laura Alvim.

“Os homens precisam, urgentemente, rever os seus papéis dentro da sociedade. Olhar para dentro, revisitar seu passado e identificar quem é esse sujeito que precisa recorrer à violência em suas relações. O que é, verdadeiramente, ser homem? As mulheres pedem socorro há muito tempo, os casos aumentaram em meio à pandemia. Chegou o momento dos homens participarem ativamente deste debate público. A montagem é uma tentativa de iluminar a caixa onde foi alicerçado o masculino para elucidar seus enganos, provocar discussões e buscar saídas”, ressalta Gabriel.

A ideia da peça surgiu através de uma inquietação pessoal com relação às alarmantes estatísticas relacionadas a todo tipo de violência praticada contra a mulher. “Acompanhar repetida e diariamente notícias sobre mortes de mulheres fez com que eu mergulhasse de cabeça na questão. A pesquisa começou de forma digital, em sites  especializados no tema, grupos de mulheres em mídias sociais, fóruns de discussões, vídeos no YouTube, documentários sobre construções de masculinidades (‘The Masked you live in’, ‘O silêncio dos homens’, ‘Precisamos falar com os homens’), além da coleta de depoimentos de pessoas próximas que, sabendo da iniciativa, decidiram revelar também suas violências íntimas”, rememora o autor.

No palco, Gabriel se desdobra em quatro tipos de homens. Um discreto e agressivo controlador, um grotesco inconsciente, um coach com técnicas sexuais mirabolantes e um depressivo à beira do suicídio. Personagens que, fora da peça, circulam entre nós. Apresentando tipos verossímeis, o espetáculo almeja provocar a reflexão através de relatos reais, provocativos, contundentes e diretos.

“Como tudo que está ali, em cena, é real, baseado em acontecimentos reais e cotidianos, todos os gêneros acabam de certa forma, se identificando, enxergando-se no palco e percebendo quais papéis representam dentro desse contexto. Não é um tema fácil de ser abordado, principalmente por toda a questão social que o envolve, mas o papel da arte é exatamente esse, o de escancarar realidades e comportamentos que muitas vezes permanecem velados e intocáveis na sociedade. É colocar o ser humano frente a frente consigo mesmo”, salienta o ator.

Nos últimos anos, as ferramentas legais com foco no enfrentamento aos diferentes tipos de violência foram se consolidando, a exemplo da Lei Maria da Penha (2006), da mudança na Lei do Crime de Estupro (2009), da Lei do Feminicídio (2015) e da mais recente Lei de Importunação Sexual (2018). Se compararmos os avanços conquistados pelos movimentos de mulheres e as políticas públicas implementadas para garantir seu cumprimento, percebemos ainda uma enorme fragilidade.

“Mulheres são mortas diariamente por seus ex ou atuais parceiros. E por que eles continuam, insistentemente, tirando as suas vidas, é uma pergunta que deve ser feita.  Mudam-se leis, projetos são criados, casos são divulgados exaustivamente, vítimas compartilham seus hematomas na internet. Alguns são punidos, mas o que se percebe realmente de efetivo? Porque os casos só aumentam? Repetidamente o que se vê são pedidos desesperados de socorro. Por quê?”, finaliza Gabriel.

A Casa Laura Alvim fica na Avenida Vieira Souto, nº 176, em Ipanema, Zona Sul do Rio. Os ingressos custam R$ 50 (inteira), e R$ 25 (meia-entrada).