O que faz um filme se tornar cult? A resposta pode surpreender

A expressão “filmes cult” suscita muitas interpretações e abre espaço para debates sobre seu verdadeiro significado. Enquanto para alguns, um filme cult remete a obras únicas e excêntricas como “A Montanha Sagrada” de Alejandro Jodorowsky, outros podem debater se fenômenos pop, como os filmes da Marvel, também se encaixam nessa categoria. Este artigo busca entender essa complexidade e desvendar as diferentes dimensões do termo.

A definição mais difundida é que filmes cult são aqueles que não foram bem-sucedidos em termos de crítica ou bilheteria inicial, mas que conseguiram conquistar uma base fiel de seguidores que, ao longo do tempo, começaram a cultuar a obra. Clássicos do cinema independente, como “Pink Flamingos” de John Waters, são frequentemente citados como exemplos emblemáticos dessa categoria.

O que torna um filme cult?

A palavra “cult” é frequentemente associada a filmes que, seja pela excentricidade ou peculiaridade, criaram um grupo de fãs dedicados. Esse culto pode surgir mesmo quando a obra não teve sucesso inicialmente. Filmes de terror, por exemplo, frequentemente ganham o status cult com o passar dos anos, transcendo sua fase inicial de lançamento para se tornarem clássicos nostálgicos.

Filmes como “A Hora do Pesadelo”, que marcaram época, muitas vezes são revisitados não apenas por sua qualidade, mas também pela conexão emocional que criaram. Hoje, são reconhecidos tanto por sua contribuição para o gênero quanto pela memória afetiva resguardada por aqueles que vivenciaram seu lançamento.

Filmes cult: Uma questão de influência cultural?

Outro aspecto essencial a considerar é a influência cultural que um filme exerce ao longo do tempo. Obras como “Cidadão Kane” transcendem a simples categorização de filmes “cultos” ou “cultuados”, marcando presença nos alicerces do que se entende como a linguagem cinematográfica moderna.

Além disso, há uma questão de reavaliação histórica. Filmes inicialmente polêmicos ou controversos, se vistos sob a luz de novas perspectivas culturais e sociais, podem ganhar nova apreciação e se tornarem elementos de culto. O exemplo de “O Nascimento de uma Nação” de D. W. Griffith, embora com críticas ao seu conteúdo, permanece um ponto de discussão no desenvolvimento da linguagem cinematográfica.

Como determinamos o status de cult?

Quem, então, é responsável por decidir o que se torna cult? Essa decisão frequentemente cabe ao próprio público que, ao revisitar essas obras, identifica valor ou relevância que pode ter sido ignorada durante o lançamento inicial. Porém, considerar um filme como cult também envolve um certo conhecimento cultural e histórico, já que entender as intenções e o contexto pode enriquecer a experiência.

O conceito se expande mais ao prevenir a ideia de exclusão. A noção de que apenas pessoas ‘cultas’ podem apreciar certos filmes é um equívoco e pode alienar novos espectadores. Na prática, o conceito de filme cult deve ser acessível e compreendido como um tributo ao impacto cultural da obra ao invés de uma barreira elitista.

Pode a cultura pop também ser cult?

No mundo atual, a cultura pop tem, de fato, seus próprios símbolos de culto. Franquias como “Harry Potter” e “Senhor dos Anéis” evoluíram de meros lançamentos comerciais para status de cult entre seus devotos. Tais transformações são resultado do envolvimento profundo que essas histórias geraram, criando universos que se tornaram partes integrantes do cotidiano de muitos fãs.

É interessante observar como filmes cult, sejam eles clássicos artisticamente reconhecidos ou sucessos de bilheteria, refletem mais sobre a sociedade e seus apreciadores do que sobre a própria obra. No final, é o público que determina o valor e longevidade dessas criações, celebrando a pluralidade do cinema como forma de arte.