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Espetáculo ‘Babilônia Tropical – A Nostalgia do Açúcar’ estreia no CCBB

Peça passou pelos CCBBs de Belo Horizonte e Brasília

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Espetáculo 'Babilônia Tropical - A Nostalgia do Açúcar' estreia no CCBB (Foto: Divulgação)
Espetáculo 'Babilônia Tropical - A Nostalgia do Açúcar' estreia no CCBB (Foto: Divulgação)

Uma viagem no Recife do século XVII, na chegada dos holandeses no nordeste do Brasil, em busca das riquezas do açúcar, esse é o enredo do espetáculo “Babilônia tropical – A Nostalgia do Açúcar”, que estreia no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, no próximo dia 30 de agosto e fica em cartaz até 1º de outubro de 2023. Será a última peça encenada no espaço, antes das obras de revitalização da sala. O patrocínio à realização do espetáculo é do Banco do Brasil.

O espetáculo tem idealização do autor e diretor Marcos Damigo, que esteve no CCBB Rio de Janeiro no início de 2020 com “Leopoldina, Independência e Morte”, espetáculo que teve grande sucesso de público e crítica. Em “Babilônia Tropical”, ele aborda as contradições do projeto de modernidade nascente e sua violência nos cruzamentos entre gênero, classe e raça, e as transformações que iriam ditar os rumos do mundo. Tais questões são investigadas através da história de Anna Paes, uma controversa mulher que viveu no período e escreveu um bilhete ao aristocrata neerlandês Maurício de Nassau, presenteando-o com seis caixas de açúcar quando ele chegou ao Brasil, e até hoje é guardado no Arquivo Nacional dos Países Baixos.

Carol Duarte, atriz que dá vida à personagem, reforça que a base da história brasileira foi criada sobre a cultura escravocrata e nesse sentido alguns nomes não podem ser esquecidos. “Os vilões da nossa história devem ser nomeados para que, no presente, possamos extirpar qualquer indício dessa herança escravocrata, recolocando nos devidos lugares os que foram capturados e os que capturam. Hoje, infelizmente, estamos recebendo muitas notícias de empresas com trabalho escravo e, nesta terra, isso não é novidade. Que o teatro possa jogar luz na barbárie que ainda hoje reside no coração do Brasil”, pontua a atriz.

Além de Carol Duarte, o elenco também conta com Ermi Panzo, Jamile Cazumbá e Leonardo Ventura, e como músico em cena Adriano Salhab. Para Ermi Panzo, artista angolano radicado há quase dez anos no Brasil, a dramaturgia traz a ressurreição de uma personagem do século XVII e fabrica questionamentos ao revisitar fantasmas nos abrigos do escravismo e do colonialismo.

A obra também traz a fotografia de um cenário dinâmico, que transcende o trabalho, resultando num conjunto de elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições de vida do trabalhador, atentando contra sua dignidade e à negritude majoritariamente. “Gente, pra quê ressuscitar essa mulher? Deixa ela lá, morta e enterrada”, essa é umas das falas da personagem Milena, ao se referir a Anna Paes. Jamile Cazumbá, atriz que interpreta a Milena, questiona “como nós, através da arte, podemos identificar e nos despirmos de códigos, formas e fórmulas que invisibilizam, silenciam, distorcem, deslegitimam e violentam a existência de um povo e as subjetividades de cada corpo existente nele?”

A peça tem muitas camadas a serem absorvidas, conclui Leonardo Ventura, ator do espetáculo. “Enfrentamos, aqui, a questão central diante do teatro contemporâneo: a chegada de temáticas antes ocultas ou apagadas que demandam novos engendramentos, tanto de relações formais, quanto de relações profissionais e pessoais.”

O Brasil é um país formado, desde o período colonial, por pessoas negras, mas com histórias desenhadas por brancos que submeteram essas pessoas aos mais danosos traumas. A peça traz uma releitura de como a escravização de pessoas negras moldou a imagem do país.

SERVIÇO:

Temporada | de 30 de agosto a 01 de outubro de 2023
Horário | de quarta a sábado, às 19h / domingo às 18h
Local | Teatro I | CCBB RJ
Endereço | R. Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20010-000
Contato: 21 3808-2020 | [email protected]

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