Como se livrar do ‘Burnout’ de fim de ano

José fernandes Vilas, pesquisador em burnout (Foto: Divulgação)

Fim de ano chegando e já começam os preparativos para as confraternizações em família. Montar árvore de natal, enfeitar a frente das casas, rever os parentes que moram em outras cidades, uns se preparam para reconciliar com aquele amigo que se afastou, enfim, a comemoração do nascimento de Jesus e a virada do ano significa muito mais que uma grande festa e sim o renovo de esperanças dentro de nós, quando fazemos o balanço das coisas que fizemos ou deixamos de fazer e já anotamos numa lista de afazeres o planejamento do ano que já está a começar.

No ano de 2020 as celebrações se transformaram em confraternizações online, inúmeras ligações telefônicas ou video chamadas, e as ceias ficaram só entre pessoas que dividem a mesma casa. Essa foi a alternativa encontrada pelas famílias que preferiram nao se reunir presencialmente com  o “combo família “completo, e para nao deixar passar desapercebido, adotaram o modelo reduzido de família.

Em 2021, parece que as coisas evoluíram, pois com o avanço da vacinação e a queda do numero de casos , o fim deste ano promete o retorno das grandes confraternizarcoes entre as famílias que já tomaram a terceira dose da vacina, para celebrar as festividades, natal e ano novo.  O fim de ano é uma época mágica para todos nós.

Neste contexto, sempre pensamos nas festividades, nos presentes, nos encontros, mas dificilmente nos deparamos com pensamentos de “como vai nossa saúde mental?”.

Nossa coluna conversou com neurocientista, dr José fernandes Vilas, uma das referências em burnout no país e autor do livro “quando o sucesso vira burnout” sobre esse momento tão importante para todos nós.

“É demasiadamente comum, no final do ano, chegarmos com uma carga emocional extremamente pesada, como uma soma do cansaço físico e mental, principalmente levando em consideração a todos os meses trabalhados, volto a lembrar que ainda estamos em pandemia e todas as suas restrições e todas as suas complicados em nossa saude mental comprovada por inumeros estudos. Alem de toda carga aglomerada do ano todo, existe as atividades que se impõe nessa época do ano, como relatórios finais, balanço de firma, reuniões de fechamento, e inclusive, o planejamento para todo o outro ano que está por vir. Podemos incluir neste pacote as inseguranças oriundas desta instabilidade profissional, desemprego e inseguranças quanto ao futuro de cada um de nós nesses últimos dois anos de covid-19” relata o neurocientista.

Segundo pesquisa realizada entre 2018 e 2019 pela International Stress Management Association (Isma-BR), 72% dos brasileiros sofrem alguma sequela de estresse em diferentes níveis, sendo que, desses, 32% apresentam sintomas da síndrome de burnout. Se antes da pandemia os níveis de estresse já estavam nas alturas, durante o isolamento social eles alcançaram patamares ainda mais preocupantes.

Segundo publicado pela THE LANCEDT os casos de depressão e ansiedade cresceram mais de 25% no mundo em 2020 devido à pandemia de Covid-19.

Outro estudo feito pela Isma (International Stress Management Association), a síndrome de burnout, atinge em torno de 30% da população brasileira em 2021.

Dr, porque no final do ano temos maior chance de desenvolver o burnout (burnout do fim de ano)?  “É extremamente fácil entender o aumento do advento da síndrome do esgotamento profissional nessa época do ano. Dezembro funciona como um prato cheio para a abertura da síndrome. neste momento concentra-se uma série de fatores estressores oriundos de todo um ano que passou e das expectativas do que está por vir. Funciona como o termino de um ciclo e o início de inúmeras possibilidades. Neste clima de “fim de ano”, agora ou nunca” tudo que ficou acumulado durante todo ano, associado com a pressão de estar no final do ciclo, expressa-se em nosso corpo como a hora de “cobrar a conta” relata jose fernandes vilas

“A Isma estima que o estresse aumente em torno de 75% no último mês do ano. E todos os adventos relacionados a pressão impressa no dia a dia laboral funciona como uma válvula de impulso para esse estopim. Mesmo entendendo que o burnout não é uma doença que apareça do dia para a noite, e sim de um processo de extrema exposição crônica, a longo prazo ao estresse demasiado, este excesso de trabalho do fim do ano pode ser o estimulo para a síndrome” acrescenta o médico.

Mas o que é o burnout de fim de ano, quais os sintomas?

Segundo, José Fernandes vilas “ A síndrome do esgotamento profissional é o esgotamento (quando as forças se esgotam) físico e mental , causados pela má administração física e mental da exposição ao estresse crônico (ao longo dos meses e anos), ou seja , a má administração do estresse a longo prazo. Neste cenário o indivíduo segue exausto, sem energia vital, tentando exercer suas funções, porém sem energia para tal. Ele dispensou tanta energia para exercer seu oficio, porém sem repor suas energias para se manter ávido em suas funções , que ele entra em um abismo de ausência de forças para continuar seguir em frente”.

“O Burnout se manifesta insidiosamente, a pessoa quase nem percebe o seu crescimento, pois está a todo vapor realizando tarefas e batendo metas. Uns dor primeiros sinais que pode ser da alvorada do burnout é a alteração no sono, a irritabilidade com os amigos do trabalho, arruma desculpas para chegar atrasado, sempre começa a pedir para sair mais cedo, dores de cabeça. Com o passar do tempo, o individuo começa a ficar ríspido, ignorante, sem paciente para nada o famoso “pavio curto”, “zero paciência”, despenca do lugar de destaque na firma para o ultimo lugar, e pasmem , ele nao se importa mais de nao produzir. A pessoa vira outra. Uma pessoa comunicativa se torna um “campo minado” pronto a explosões”.

Vale ressaltar que burnout caminha em 3 facetas: a exaustão, frieza no trato (despersonalização) e a sensação de incapacidade de executar suas funções. Se ele apresenta esses elementos, temos também o diagnóstico de burnout.”, comenta o Neurocientista Jose Fernandes VILAS.

Como prevenir o burnout do fim de ano?

Existem inúmeras formas de tratar e prevenir a síndrome, e uma delas, a primeira é reconhecer que você possui limites, ou melhor passou dos limites, pois o corpo cobra a conta, mais cedo ou mais tarde.

Vamos enumerar em forma de tópicos, alguns sinais que você está passando dos limites:

– Você mantem sua rotina preenchida por horários de trabalho nao sobrando tempo para atividades com sua família, e cuidados pessoais;

– Quando pensa em trabalho, você sente como se fosse um grande fardo e aquele “primeiro amor”pela profissão evaporou, e você deseja ficar livre dessa atividade o mais rápido possível

– Começa a sentir dores no corpo, cansaço extremo, desanimo, falta de concentração, alterações no apetite ou tem ganhado/perdido peso sem o mínimo esforço

– Possui dificuldade para iniciar o sono ou manter-lo, gerando grande estresse no despertar

Reconhecendo voce nos itens acima, o que você deve e fazer:

– Procurar ajuda profissional: psiquiatra, neurologista, psicologo

– Inserir a atividade fisica no seu dia a dia

– Melhorar a alimentação, ou seja, desembrulhar menos e descacar mais. E claro, procure um nutricionista.

– Separe um tempo para voce meditar.

– Contato com a natureza é sabidamente e comprovadamente um arsenal contra o esgotamento.

– Separe finais de semana com exclusividade para a sua família.