Carnaval 2024: Ensaios pré-carnavalescos do cordão do Boitatá

Como de costume, o bloco Cordão do Boitatá leva sua Orquestra de Rua, às segundas de janeiro, para o Cordão da Bola Preta, na Lapa. A verba arrecadada com a bilheteria dos ensaios é totalmente revertida à produção do carnaval. As atividades do bloco são realizadas de forma totalmente autônoma. Toda a produção é arcada pelo grupo sem nenhum recurso de empresas privadas, contando apenas com sua enorme rede de apoiadores e brincantes.

Organizado por músicos, o grupo tem um vasto repertório da maioria dos gêneros da nossa rica diversidade cultural. Arranjos originais de Moacir Santos, Villa Lobos, Pixinguinha e outros feitos especialmente para a orquestra num constante processo de criação. Cada gênero é interpretado com suas características específicas, trazendo por exemplo os diferentes toques das escolas de samba e os sotaques próprios de cada estilo.

A Orquestra de Palco conta com 15 músicos de referência do cenário carioca que fazem vibrar o Festival Multicultural da Praça XV, no domingo de carnaval, por mais de 7h seguidas. Reconhecido como um epicentro musical no centro do Rio, dele já participaram mais de 100 artistas e grupos nacionais e internacionais, nomes como Martinho da Vila, Marisa Monte, Teresa Cristina, João Donato, Yamandu Costa, blocos como Orunmilá e Amigos da Onça, além dos internacionais Nneka, Keziah Jones.

O Cortejo da sua Orquestra de Rua é realizado de forma acústica, no domingo que antecede a folia. Composta por 100 integrantes, a orquestra promove o encontro de adolescentes do grupo “Mulecada que Agita”, do Morro da Serrinha e do Morro dos Macacos, com músicos amadores e profissionais, que atuam também em orquestras sinfônicas, bandas, blocos, universidades e escolas de samba.

Já são 28 anos de Cordão do Boitatá serpenteando pelas encruzilhadas do centro do Rio de Janeiro com o cortejo de sua Orquestra de Rua; e 18 anos de ocupação da Praça XV com o Baile Multicultural do Cordão do Boitatá, que leva alegria para mais de 70 mil pessoas. Dois domingos de Carnaval em que junta sua grande família para reafirmar a crença no afeto, na festa como luta política, na rua como espaço de construção colaborativa, na música como patrimônio e memória de um povo. Em 2022, o Cordão do Boitatá recebeu da Câmara dos Vereadores a medalha Pedro Ernesto, e foi reconhecido pela ALERJ como Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro.