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Na Bienal do Livro, Ana Maria Machado é homenageada pelos 50 anos de carreira

Em bate-papo, a escritora contou sobre a experiência e os desafios de fazer literatura infanto-juvenil

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Em bate-papo, a escritora contou sobre a experiência e os desafios de fazer literatura infanto-juvenil
(Foto: Diogo Sampaio)

No ano em que completa seu cinquentenário de carreira dedicada à literatura, a escritora Ana Maria Machado foi homenageada nesta sexta-feira, durante o primeiro dia de evento da Bienal do Livro Rio. Em um bate-papo com o editor Marcos Pereira, ela relembrou como foi fazer a migração de uma carreira já consolidada como jornalista para se tornar autora de livros de ficção.

“O (Ernest) Hemingway, um grande escritor que gosto muito, quando perguntado se o jornalismo fazia mal ao escritor, respondia que não fazia mal nenhum, desde que largado a tempo”, brincou. “Entre as principais qualidades que o jornalismo deixa em um escritor, a primeira é o sentido de observação. A gente tem que observar, tem que ver, sentir o cheiro, prestar atenção nas pessoas, ouvir o que elas dizem da maneira mais fiel possível. Com os sotaques, com as maneiras de falar para reproduzir certo… Claro que hoje em dia tem gravador, você filma com o celular, mas eu acho que essa escola do jornalismo de você observar bem, é uma escola marcante. Escrever tem haver com observação, com memória e com o que é imaginado. Aquilo que nunca vivemos, nunca vimos, nunca observamos, mas que pode ser fantasiado, imaginado, inventado”, afirmou a escritora.

Renomada e premiada pelas suas obras infanto-juvenis, ela relatou como é escrever para esse tipo de público: “Eu percebi que tinha muito prazer, eu gostava muito de escrever essas histórias, porque elas me permitiam exercita uma narrativa de qualidade literária, que era inventar uma história que fosse interessante e que tivesse um significado mais profundo, com uma linguagem que fosse muito brasileira. Histórias com uma linguagem muito coloquial, muito familiar, próxima do que falamos todo dia. Uma coisa, que na verdade, era uma meta da literatura brasileira desde 1922, desde a ‘Semana de Arte Moderna'”.

“Essa ideia de procurar escrever com uma linguagem brasileira, moral e familiar, me interessa muito. Eu gostei de escrever as histórias infantis por isso. Histórias que poderiam ser lidas também pelas crianças, mas que eram um desafio linguístico”, concluiu Ana Maria Machado.