A chave para o cérebro humano? Mapa completo do cérebro de mosca é descoberto

Recentemente, pesquisadores conseguiram um feito técnico notável ao mapear as conexões cerebrais de uma mosca. Com 130.000 neurônios e 50 milhões de conexões, é o mapa cerebral mais detalhado já produzido de um animal adulto. Essa conquista representa um passo gigantesco no entendimento de como o cérebro humano funciona e coloca à disposição dos cientistas um recurso valioso para avançar em suas pesquisas.

O estudo, liderado pela equipe da Medical Research Council’s Laboratory of Molecular Biology (LMB) em Cambridge e colaborando com a Universidade de Princeton, traçou com precisão a posição e as ligações entre cada célula no cérebro da mosca. Entre os líderes do projeto está o Dr. Gregory Jefferis, que destacou o potencial dessa análise em lançar nova luz sobre o “mecanismo de pensamento” humano. Enquanto temos milhões de neurônios a mais que a mosca, aprender como seus circuitos funcionam pode nos mostrar caminhos para entender nossas próprias capacidades cognitivas.

Como o Cérebro de uma Mosca Pode Ajudar a Decifrar o Nosso?

Você pode estar se perguntando: como o estudo de um cérebro tão pequeno pode contribuir para a neurociência humana? A resposta reside na complexidade das conexões. O passado da pesquisa neurológica inclui mapear cérebros bem menores, como o de um verme simples com 300 conexões. Agora, ao conseguir mapear algo muito mais intricado, como o cérebro da mosca, abre-se o caminho para mapas ainda mais complexos, que podem incluir cérebros de mamíferos no futuro.

O Que é um Connectomo?

Um connectoma é basicamente o mapa das conexões neurais de um cérebro. No caso da mosca, ele ilustra como diferentes funções são geridas por circuitos separados, desde movimento até visibilidade. E enquanto cientistas já sabiam da existência desses circuitos, o connectoma revelou pela primeira vez como eles estão interconectados. Revelou-se, por exemplo, que a visão exige muito mais poder computacional, explicando por que há mais neurônios nessa área.

Quais as Aplicações Práticas Dessas Descobertas?

Os circuitos mapeados também estão ajudando em pesquisas sobre comportamentos específicos, como a agilidade das moscas em escapar do perigo. Ao entender quais circuitos ativam tal habilidade, cientistas agora compreendem melhor porque é tão difícil esmagar uma mosca: suas pernas recebem sinais rapidamente para saltar na direção oposta à ameaça.

O mapeamento foi feito fatiando o cérebro da mosca em 7.000 lâminas e usando inteligência artificial para reconstruí-las digitalmente. No entanto, ajustes manuais foram necessários, corrigindo mais de três milhões de erros. Esse trabalho hercúleo é comparado ao Google Maps, onde as ruas e edificações são identificadas pelo raw mapping, mas nomes e detalhes são imprescindíveis para sua plena utilidade.

Perspectivas Futuras na Neurociência

• A nova tecnologia possibilitará comparações entre cérebros saudáveis e aqueles com disfunções para entender anomalias.
• Os cientistas acreditam que, em até 30 anos, será possível mapear o connectomo humano, oferecendo insights sem precedentes sobre o funcionamento cerebral.
• A pesquisa feita pelo FlyWire Consortium promete um “avalanche de descobertas” na neurociência nos próximos anos.

A exploração do cérebro da mosca é uma etapa crucial para desbravar a complexidade do cérebro humano. Mais do que isso, abre novas fronteiras e solidifica o papel de técnicas avançadas em neuroimagem e modelagem em nos aproximar de uma compreensão mais completa do funcionamento do cérebro humano.