Alunas da Faetec criam aplicativo para ensinar mulheres com tarefas de manutenção em casa
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Alunas da Faetec criam aplicativo para ensinar mulheres com tarefas de manutenção em casa

Usando a sustentabilidade, aplicativo também incentiva mulheres a estudar cursos técnicos de ciências exatas.

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Alunas da Faetec criam aplicativo para ensinar mulheres com tarefas de manutenção em casa
Alunas da Faetec criam aplicativo para ensinar mulheres com tarefas de manutenção em casa (Foto: Divulgação)

A união de informática, sustentabilidade e eletrotécnica na Escola Técnica Estadual Juscelino Kubitschek (ETEJK), unidade pertencente à Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faete), em Jardim América, criou um aplicativo voltado para promover práticas sustentáveis e estimular em meninas e mulheres o interesse pelo estudo e atividades pertinentes às áreas de ciências e exatas, além de dar autonomia na realização de reparos residenciais.

Batizado de “Filhos de Gaia (Gaia é na mitologia grega a Mãe-Terra)”, a plataforma reúne minicursos que ensinarão tarefas básicas do cotidiano, como realizar a troca de tomadas e resistência de chuveiro. O aplicativo foi criado com orientação da professora Caroline Porto, especialista em meio ambiente, dentro do curso técnico em Informática, através das estudantes Maria Clara Pereira, Beatriz Pulucher e a egressa Emanuelle Motta.

“Trabalhos como trocar resistência ou o chuveiro são trabalhos que acontecem com certa frequência e a gente acaba deixando para um homem fazer isso, pai, irmão, tio. Inclusive, na minha casa, quem trocava a resistência era meu tio. Só que, num momento especifico, quem fez isso foi a minha mãe. E ela ficou toda feliz por fazer isso. Uma mulher fazer isso é incomum e acaba precisando chamar alguém, um home para fazer o serviço. A gente quer criar essa independência da mulher dentro de casa”, afirmou Beatriz Pulucher, 16 anos.

“Decidimos criar o aplicativo que, além de criar hábitos sustentáveis, incentiva meninas para entrar em disciplinas de cursos de exatas. A Beatriz deu a ideia do aplicativo e todo mundo gostou. No aplicativo vamos oferecer cursos de eletrotécnica básica, como trocar resistência de chuveiro, por exemplo, para que a mulher não precise chamar outra pessoa, além de informática básica, para mexer em navegadores ou programas simples como word e excel”, explica Maria Clara Pereira, 16 anos.

Para utilizar o app, é necessário fazer um cadastro e adquirir créditos usando a sustentabilidade como atividade principal, como juntar tampinhas, garrafas pet, papel, entre outros, que geram pontos que liberam acesso a vídeos para serem assistidos através da ferramenta. O ponto de coleta dos objetos recicláveis é na ETEJK.

“O Filhas de Gaia é um aplicativo criado com um olhar sensível em nosso espaço, que é a diferença de gênero nas disciplinas de ciências exatas. Há uma disparidade muito grande de meninas e meninas. Primeiro criamos o Gaia Sustentável, unindo as meninas através da sustentabilidade. Abraçamos a questão de gênero e resolvemos promover iniciativas que incentivem as meninas e mulheres em ciências exatas. O desafio era elas criarem o próprio projeto e enfrentar um problema que se identifica na comunidade. Assim, surgiu o aplicativo Filhas de Gaia como empoderamento feminino”, sentencia a professora Caroline Porto, 43 anos, especialista em meio ambiente.

Em março desse ano, na Universidade de São Paulo (USP), o app foi finalista da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), evento que reúne projetos científicos desenvolvidos por estudantes de todo o Brasil. A feira é um programa de talentos em ciências e engenharia voltado para alunos e educadores da educação básica e técnica. O aplicativo está quase finalizado e, inicialmente, será usado apenas dentro da ETEJK, mas a ideia é alcançar todas as outras unidades.

“É uma emoção muito grande falar de todo esse processo. O aplicativo está quase pronto para ser uma realidade aqui dentro da nossa escola, mas as meninas querem ampliar ele para toda rede Faetec. Isso já é uma marca de representatividade das meninas. Quando começamos o projeto, tínhamos 8% de meninas nos cursos de exatas e hoje estamos com 16%. Ou seja, as meninas estão se sentindo capazes de ocupar áreas de conhecimento de predomínio masculino, mas que elas têm todo direito de estarem também”, finaliza a professora.