Capital Fluminense
Cidade Integrada: Governo do RJ só levará programa para outras comunidades após resultados no Jacarezinho e Muzema
O plano prevê um investimento inicial de mais de R$ 500 milhões
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Governador do Rio, Cláudio Castro, anuncia programa Cidade Integrada – Foto: Tatiana Campbell/Super Rádio Tupi
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, anunciou neste sábado (22) as medidas implantadas no programa Cidade Integrada. A iniciativa conta com seis eixos: social, econômico, infraestrutura, diálogo/governança, transparência e segurança. O investimento inicial para o programa é de R$ 500 milhões. As primeiras comunidades a receberem o programa é o Jacarezinho, na Zona Norte, e Muzema, na Zona Oeste.
Ainda no início da coletiva de imprensa, Castro garantiu que o Cidade Integrada só irá se expandir para outras comunidades quando estas duas localidades estiverem 100% entregues ao programa.
“Enquanto não estiver funcionando plenamente [no Jacarezinho e na Muzema] não vamos falar das próximas. Enquanto o programa não tiver devidamente implantado mostrando resultados, não há sequer prazo para as próximas. As primeiras são Jacarezinho e Muzema, e só há de se pensar nas próximas após essas estarem funcionando totalmente de forma correta”, afirmou o governador.
Cláudio Castro garantiu ainda que o programa não tem similaridades com as Unidades de Polícia Pacificadora. “Esse programa tem muito pouco a ver com UPP. Não é um programa de pacificação. Depois de muita análise, muita conversa, percebemos que essa ideia de pacificação traz mais prejuízo na execução do que benefícios”, disse.
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Comunidade do Jacarezinho é uma das primeiras a receber o programa -Foto: Divulgação
Entre as ações anunciadas pelo governador do Rio de Janeiro estão a regularização de documentos, como identidade, em mutirões, com início já para a próxima semana, auxílio mensal de R$ 300 para mulheres chefes de família, conselho comunitário com a presença de 24 membros – metade do Governo e metade com moradores – para avaliar o impacto da sensação de segurança para os que vivem nas comunidades, saneamento, reparo em toda a rede de esgoto, executar 5 mil melhorias habitacionais, mudança de endereço de batalhões e delegacias, entre outros.
Durante a divulgação do programa, Cláudio Castro garantiu que até o final deste ano, todos os moradores do Jacarezinho e da Muzema terão banheiro. Ele disse ainda que, com o apoio da Justiça, entregará, para aqueles que vivem na Muzema – área conflagrada pela milícia – títulos de propriedade.
“O sucesso do programa vai impedir que essas pessoas [milicianos] voltem. O sucesso do programa é a forma de a milícia não voltar a construir, não voltar a cobrar das pessoas. A investigação é a base do projeto. A Polícia Civil tem investigações que não acabam. O Ministério Público e a Justiça já estão muito integrados nisso, para a gente conseguir cumprir os mandados”, explicou.
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Região da Muzema, dominada pela milícia, recebe o programa Cidade Integrada – Foto: Richard Santos / Prefeitura do Rio
Entre as medidas que o Governo do Rio pensou para enfraquecer o enriquecimento da milícia é com a distribuição de vale-gás, uma das principais atividades exploradas pelos grupos paramilitares. “Um bujão de R$ 80 custa até R$ 120 na favela. Sabemos que um dos problemas nessas comunidades é a agiotagem, com práticas violentas. Vamos abrir essa linha de crédito para que a população não vá parar na mão de traficantes. Para evitar que esse dinheiro pare nas mãos do crime”, destacou Castro.
Após a ação realizada na quarta-feira (19), onde moradores do Jacarezinho denunciaram uma atitude truculenta por parte da Polícia Militar, o governador informou que instalou um posto de ouvidoria da PM dentro da comunidade para receber estes tipos de reclamações.
“O diálogo é um dos principais pilares para o sucesso. Sem ouvir especialistas e a comunidade, não daria certo. O governo está de ouvidos abertos. Sem diálogo, esse plano viraria uma imposição na vida das pessoas. A grande e verdadeira integração é a sociedade poder participar do que será feito para ela”, falou Cláudio Castro.
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