Coronavírus
Uerj participa de estudo internacional sobre os impactos da pandemia em populações vulneráveis
Pesquisa consiste em um levantamento de perfil antropológico, ocorrendo também na Índia, China, Coreia do Sul, Haiti e Chile, sob a coordenação geral da Universidade Johns Hopkins, dos Estados UnidosCientistas de vários locais do mundo uniram forças para analisar de que forma a pandemia do novo coronavírus atinge os grupos populacionais em situação de vulnerabilidade social. No país, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e outras duas instituições de ensino superior vêm desenvolvendo, desde maio, a pesquisa “Efeitos das políticas de isolamento e de distância social relativas à Covid-19 na vida de famílias vulneráveis brasileiras”.
O estudo acontece nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas (SP) e Altamira (PA) e se estenderá por um ano, contando com 90 entrevistas realizadas à distância. A pesquisa consiste em um levantamento de perfil antropológico, ocorrendo também na Índia, China, Coreia do Sul, Haiti e Chile, sob a coordenação geral da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.
“Vamos utilizar 570 formulários com questões comuns a todos os países, em que são abordados temas como a entrada e saída de dinheiro e alimento, situações de adoecimento, contatos sociais realizados e as fontes de informação sobre a pandemia”, afirma a professora Paula Lacerda, do Instituto de Ciências Sociais da Uerj, uma das coordenadoras da vertente brasileira do projeto, ao lado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Ela explica que o trabalho tem como foco o acompanhamento das dinâmicas familiares. O objetivo é abordar temáticas ligadas à realidade brasileira, como a relação entre a pandemia e a violência urbana, o fluxo humano entre o meio rural e o urbano, a precariedade das habitações, o estigma sofrido por pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus em suas vizinhanças e as condições de acesso a direitos de cidadania.
De acordo com Lacerda, a situação de vulnerabilidade social que já existia antes da pandemia só foi agravada, com a chegada da Covid-19. “O propósito do estudo é precisamente o de compreender como as medidas de distanciamento social, auxílio emergencial, entre outras, afetam a vida e o cotidiano dessas famílias”, ressalta.
A perspectiva comparativa é central para entender esse impacto, considerando diferentes redes de suporte e apoio, num contexto de extrema desigualdade social. Segundo a professora, a ideia é produzir um documento técnico a partir dos dados coletados, para ser distribuído aos órgãos legislativos e de assistência social nos municípios onde o trabalho for realizado. “Esperamos que a pesquisa possa subsidiar políticas públicas para a garantia dos direitos sociais”, conclui.