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Ciência

Sua cabeça dói ao pensar? Estudo revela que esforço mental pode gerar desconforto

O que causa o cansaço mental e como aliviá-lo?

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Sua cabeça dói ao pensar? Estudo revela que esforço mental pode gerar desconforto
Foto: Towfiqu barbhuiya/Unsplash

Uma nova pesquisa publicada pela American Psychological Association confirma que o esforço mental pode provocar sentimentos desagradáveis. Erik Bijleveld, pesquisador da Universidade Radobou, nos Países Baixos, e coautor do estudo, afirmou: “Há muitas teorias na psicologia e neurociência que assumem que o esforço mental é desagradável e custoso, o que basicamente significa que as pessoas o evitam, a menos que leve a algo de valor”.

O estudo, publicado no jornal Psychological Bulletin, envolveu uma meta-análise de 170 estudos realizados entre 2019 e 2020, abrangendo 4.670 participantes. O objetivo foi examinar como o esforço mental é percebido e se está associado a sentimentos negativos, variando conforme a tarefa ou a população envolvida.

Esforço Mental e Sentimentos Negativos

Durante o estudo, os pesquisadores analisaram a resposta de participantes de 29 países a 358 tarefas cognitivas diferentes. Tarefas como, por exemplo:

  • Aprender novas tecnologias
  • Encontrar o caminho em ambientes desconhecidos
  • Jogar jogos de realidade virtual

Os resultados mostraram que, independentemente da pessoa ou da tarefa, um maior esforço mental está fortemente associado a um maior desconforto. Bijleveld afirmou: “Nossas descobertas mostram que o esforço mental parece desagradável em uma ampla gama de populações e tarefas”.

Por que algumas culturas lidam melhor com o esforço mental?

Segundo o estudo, a associação entre esforço mental e sentimentos ruins foi menos pronunciada em países asiáticos em comparação com a Europa e América do Norte. Bijleveld sugere que isso pode estar relacionado ao histórico de aprendizado da população desses locais.

Por exemplo, estudantes do ensino médio em países asiáticos frequentemente gastam mais tempo em trabalhos escolares do que seus colegas europeus ou norte-americanos e, portanto, podem aprender a suportar níveis mais altos de esforço mental mais cedo na vida.

Como lidar com o desconforto causado pelo esforço mental?

Apesar da natureza aversiva das tarefas mentalmente desafiadoras, o estudo revela que as pessoas continuam se engajando em atividades mentalmente desafiadoras voluntariamente, como jogar xadrez. Segundo os autores, a mente pode aprender que exercer esforço mental em situações específicas pode levar à recompensa.

Camila Ferrari, neuropsicóloga especialista em neurociência aplicada à educação, alerta que o esforço mental prolongado associado a questões como privação de lazer, preocupação excessiva, alterações de sono, pouco tempo com a família e amigos e alimentação pobre, pode levar à fadiga psicológica. “Com o tempo, o esforço pode levar a fadiga psicológica, diminuindo a energia, tanto aquela utilizada para realizar atividades diárias e de socialização, quanto para tarefas laborativas.”

  • Recompensar os esforços das crianças desde cedo pode desenvolver uma associação mais positiva entre esforço e resultados.
  • Evitar excesso de críticas e punições pode ajudar na formação de uma mentalidade de crescimento.

O Esforço Mental e a Sociedade

De acordo com Carlos Manoel Rodrigues, professor de psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), a correlação entre esforço mental e desconforto pode impactar a maneira como as pessoas lidam com informações complexas. Nas redes sociais, por exemplo, a experiência aversiva do esforço mental pode levar os usuários a adotar comportamentos de consumo de informação mais passivos e menos críticos.

Ele explicou: “Os usuários podem preferir aceitar informações superficiais ou alinhadas com suas crenças preexistentes, evitando o esforço de análise profunda que poderia gerar desconforto”.

Por fim, a pesquisa destaca que sentir desconforto durante tarefas mentalmente desafiadoras é normal. “Se você experimentar sentimentos desagradáveis durante o trabalho mental, como irritação e frustração, nosso estudo sugere que isso é perfeitamente normal e extremamente comum”, afirmou Bijleveld.

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