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Ciência e Saúde

No carnaval, modere na bebida: Especialista alerta para relação entre álcool e câncer

Oncologista diz que não há quantidade de doses seguras para a saúde

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No carnaval, modere na bebida: Especialista alerta para relação entre álcool e câncer (Foto: Divulgação)
No carnaval, modere na bebida: Especialista alerta para relação entre álcool e câncer (Foto: Divulgação)

O carnaval está chegando e a previsão é que os blocos e desfiles arrastem multidões. Somente no Rio de Janeiro, a expectativa é que alguns cortejos atraiam mais de um milhão de pessoas, muitas delas com uma latinha de cerveja ou de bebida alcóolica em mãos. Especialistas, no entanto, recomendam que, mesmo durante a festa, se aposte na moderação, tendo em vista que o álcool está associado ao desenvolvimento de alguns tipos de tumor.

“Qualquer redução é benéfica para reduzir as chances de ter câncer”, diz Herika Costa, oncologista clínica da Oncoclínicas Rio de Janeiro e do Hospital Marcos Moraes.

Um estudo recém-concluído pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que teve os primeiros resultados publicados em dezembro do ano passado no The New England Journal of Medicine, mostrou que a redução ou cessação do consumo de bebidas alcóolicas é capaz de evitar o surgimento de neoplasias da cavidade oral e também de esôfago.

A conclusão foi de quinze cientistas, de oito países, convocados pela agência, ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), para revisar a literatura sobre a relação de consumo de álcool e o desenvolvimento de câncer. No caso do câncer de cavidade oral, eles analisaram 30 estudos, que investigaram 21.167 casos da neoplasia, no total. Em relação ao câncer de esôfago, o grupo analisou um estudo que revisava 13 pesquisas, com cerca de 5 mil casos, outro com 2.252 pacientes e um terceiro com base populacional, com adultos jovens da Coréia do Sul (cerca de 4 milhões).

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), não há níveis seguros de ingestão ou bebidas que sejam mais ou menos nocivas do que outras. O que se sabe é que, quanto maior a quantidade ingerida e mais longo o tempo de exposição, piores os danos ao organismo.

“O consumo de bebida alcoólica causa, além de danos diretos ao DNA, estresse oxidativo formando radicais de oxigênio nocivos às células. O álcool também age como um solvente no corpo, o que facilita a entrada de outras substâncias que levam ao câncer, como o tabaco e nitratos (presentes em alguns alimentos industrializados). Por isso, é preciso evitar o consumo ou reduzi-lo de forma significativa”, explica Herika.

As lesões no tecido também fazem com que o DNA destas células passe a ter mais dificuldade para ser reparado, o que pode ocasionar mutações, que, por sua vez, podem levar ao surgimento de células cancerosas. O álcool também aumenta o nível de alguns hormônios, como o estrogênio, associado ao desenvolvimento de tumores na mama. O consumo excessivo e contínuo pode provocar lesões no fígado, que, se não forem tratadas a tempo, podem evoluir para câncer.

A especialista da Oncoclínicas também chama a atenção para o risco de associar o consumo de álcool a substâncias como o tabaco.

“A combinação “álcool e tabaco” é muito perigosa e potencializa os riscos de desenvolvimento de tumores, principalmente os de orofaringe e esôfago”, alerta.