Ciência e Saúde
Junho Laranja – Cirurgião plástico explica como proceder em caso de queimaduras e como evitar
Todos os anos, cerca de 1 milhão de pessoas são vítimas desse tipo de acidente
Junho Laranja é o mês da conscientização sobre a prevenção das queimaduras. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), as queimaduras afetam crianças e adultos de qualquer faixa etária, mas as estatísticas mostram que podem ser evitadas, uma vez que a maioria dos acidentes, cerca de 80%, acontece em casa e, em 40% dos casos, com crianças de até 10 anos. Todos os anos, cerca de 1 milhão de pessoas são vítimas desse tipo de acidente. Para explicar melhor e dar orientações sobre queimaduras, a reportagem da Super Rádio Tupi conversou com o médico cirurgião plástico, Dr. André Maranhão.
O cirurgião plástico tem papel fundamental no tratamento de queimaduras, como conta o Dr. André. “Ele atua no atendimento da queimadura desde o início até os passos mais tardios. No começo é quando faz o atendimento inicial do queimado, onde recupera a questão de equilíbrio hemodinâmico do paciente, liberação do que chamamos de escaras de queimadura e tratamento das bolhas até a fase de cicatrização inicial. Depois o cirurgião plástico atua modelando as sequelas para que elas não fiquem tão pesadas e, eventualmente tratando áreas de retração cicatriciais mais amplas.”
Em relação a complexidade, Dr. André ressalta que as queimaduras são divididas em primeiro, segundo e terceiro grau. “A de 1º grau são as queimaduras que atingem basicamente a região da epiderme, que dizer, a parte superficial da pele, exemplos clássicos são as queimaduras solares. As queimaduras de 2º grau são as que atingem a parte mais profunda da pele, que chamamos de derme, onde saem aquelas bolhas que podem ser ocasionadas por agentes químicos, físicos, que no caso seriam os choques elétricos até os térmicos efetivos que são as queimaduras mais comuns relacionadas a cozinha e a essa época de festa junina. Já as de 3º grau são aquelas que além de atingir a pele do ponto de vista superficial profundo também passam para a área mais nobre, que no caso são os tecidos gordurosos, musculares ou ósseos. Geralmente são causadas por grandes acidentes como choques elétricos, chamas, explosões e que na hora que avaliamos inicialmente há um aspecto esbranquiçado.”
Segundo o especialista, o grau de complexidade também envolve a percentagem de área do corpo queimada. Acima de 15% já é considerada uma área que precisa ser avaliada por uma situação de emergência porque vai necessitar de tratamento mais específico e se for algum grau mais profundo que o 2º grau, também irá precisar de avaliação especializada para poder resolver o caso.
Dr. André alerta os pais, pois a maioria dos acidentes acometem crianças e podem ser evitados. O ditado “Prevenir é melhor do que remediar” cabe perfeitamente neste caso.
“A cirurgia plástica pode ajudar na condução do tratamento, mas nem sempre consegue evitar sequelas. Sendo assim o melhor tratamento é a prevenção. Não deixe crianças “brincarem” com fogo, fogueira, panelas quentes (evitar deixar água fervendo desassistida), produtos químicos ou fiação elétrica”, orienta o cirurgião plástico.
Para finalizar, Dr. André ainda dá dicas de como proceder em caso de atendimento inicial a uma pessoa queimada. “É importante que enxague a área com água em abundância, em temperatura ambiente, se for necessário trocar o ferimento, é importante que se lavem bem as mãos, pode ser coberta a área com um pouco de gaze, preferencialmente estéril, senão um tecido limpo e conduzir a pessoa imediatamente para um atendimento de emergência. Se não puder ir ao hospital, tem que ligar para o SAMU ou Corpo de Bombeiros pelos telefones 192 ou 193, respectivamente. É claro que não se deve, isso é importante ficar claro, não se deve utilizar em queimaduras nunca nenhum creme dental, pó de café, clara de ovo, manteiga, óleo de cozinha, folha de trigo, qualquer solução caseira estranha ao tecido que foi queimado. E o médico vai ser sempre o profissional que deve ser consultado em relação ao que fazer e qual tratamento aplicar na região”.