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Ciência e Saúde

Especialista explica comportamento que Amanda, do BBB 23, está vivendo sobre ‘arrancar cabelos’

Vídeo viralizou nas redes e existem muitos questionamentos no campo da psicologia sobre a “Tricotilomania”

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Especialista explica comportamento que Amanda, do BBB 23, está vivendo sobre 'arrancar cabelos' (Foto: Divulgação)
Especialista explica comportamento que Amanda, do BBB 23, está vivendo sobre 'arrancar cabelos' (Foto: Divulgação)

A participante Amanda , do Big Brother Brasil 23, vem preocupando sua colega de confinamento Aline pois a sister vem apresentando um comportamento de arrancar os cabelos chegando até ferir o couro cabeludo. Gentilmente, a amiga pediu que Amanda parasse de arrancar o cabelo pois estava machucando.

O vídeo viralizou nas redes e existem muitos questionamentos no campo da psicologia sobre a Tricotilomania: Os sintomas incluem desejo compulsivo de puxar o cabelo e perda de cabelo, como falhas no couro cabeludo.

A reportagem da Super Rádio Tupi conversou com a professora Luisa Araruna Engel Psicanalista pelo Instituto de Estudos do Psiquismo e Analista Didata em New English Institute Of Psychoanalysis para esclarecer sobre a desordem comportamental que é Tricotilomania.

Segundo o Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais em sua 5 edição – DSM-5, A tricotilomania está alocada dentro do capítulo de transtornos relacionados ao Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC), que é caracterizado por pensamentos obsessivos intrusivos seguidos de compulsões, podendo envolver rituais de organização, simetria, controle ou outros.

“Entretanto, ela pode ter diversas origens, e por isso é necessária uma investigação adequada para o diagnóstico diferencial, já que ela poderia se manifestar relacionada a um transtorno do neurodesenvolvimento, como uma estereotipia dentro do espectro do autismo ou em um quadro de Tourette, ou poderia estar ligada a alucinações em um quadro psicótico, por exemplo” esclareceu a psicóloga Luisa Araruna Engel.

O indivíduo que arranca o cabelo pode ser considerado ansioso?

Principalmente em se tratando em de um cenário de TOC, podemos sim pensar em ansiedade.
Vale ressaltar que Todo excesso revela uma falta, e todo ato compulsivo tenta apaziguar nossas angústias sem trazer ela para as nossas palavras. Todos nós passamos por situações traumáticas ou situações de perdas, de vazios e de angústias. Quando não conseguimos construir um sentido e uma narrativa para o que estamos sentindo, toda essa dor procura um outro caminho para ser descarregada. Algumas pessoas produzem doenças psicossomáticas, outras produzem atos. A questão é que isso não resolve os problemas, então quanto mais eu tento disfarçar ou anestesiar a minha dor, mais ela fica sufocada, mais ela tenta encontrar uma saída, e mais atos compulsivos são produzidos. Quando a pessoa se dá conta, ela está presa a uma série de rituais compulsivos que vão desde arrancar os cabelos até comer, comprar ou beber excessivamente.

O que os pacientes relatam sobre suas sensações ao arrancarem os cabelos?

Alguns relatam que após arrancarem o cabelo, sentem algum tipo de alívio. Mas logo depois são invadidos por culpa e vergonha pela falta de controle, e por se sentirem tendo um coportamento tão “esquisito” aos olhos dos outros. Essa culpa e vergonha acabam trazendo mais ansiedade e o ciclo é retomado.
Tudo isso se dá pela tentativa de se anestesiar e não precisar atravessar as suas próprias dores na alma.
Então podemos pensar em dois aspectos: Por um lado, essa tentativa de anestesiar a alma tenta substituir o “pensar na dor” pelo “ato compulsivo”. Por outro lado, podemos encontrar uma tentativa de Substituir a “dor da alma” pela “dor física”.

A psicóloga Luísa Araruna Engel diz que “Muitas vezes sentimos que não temos controle e não sabemos o que fazer com a dor emocional, mas quando se trata de uma dor física que eu mesma causo, posso me acalmar com uma fantasia de estar no controle, e ainda sentir que consigo dar conta, já que posso esfregar a mão onde dói, posso passar uma pomada, ou qualquer outra movimento que traga a ilusão de estar cuidando e resolvendo o problema”.

Qual tipo de tratamento para Tricotilomania?

A combinação de psicoterapia e de acompanhamento psiquiátrico é sempre uma excelente pedida nesses casos.

Tem algumas dicas para evitar este tipo de ato?

Devemos evitar de fugir dos nossos fantasmas, vazios e dores. Por mais que eu acredite que estou fugindo, eles sempre nos encontram com outra roupagem.

Stresses maiores como um confinamento pode agravar tal comportamento como é o caso da participante do BBB 23 Amanda?

Qualquer tipo de situação que traga um grande estresse pode intensificar esse comportamento, visto que a pessoa tende a sempre reagir com os mesmo mecanismos de defesa ou de comportamentos. Então se,por exemplo, a pessoa prefere não falar sobre o que a incomoda, ela pode sempre apresentar sintomas psicossomáticos como gastrite, psoríase, dores crônicas… ou a pessoa pode sempre ter atos-sintomas como as compulsões em geral.