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Ciência

Descobertas revelam diversidade da vida na Terra há 800 milhões de anos

Publicado na PNAS, o estudo revela que diversas linhagens de espécies habitavam o planeta antes da formação da Pangeia.

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Descobertas revelam diversidade da vida na Terra há 800 milhões de anos
Foto: Pixabay/Reprodução

Há 800 milhões de anos, muito antes da formação do supercontinente Pangeia, a Terra era um lugar muito mais diverso do que a teoria clássica sugere. Pesquisadores brasileiros conseguiram criar uma reconstituição da árvore da vida, baseada na história evolutiva de amebas e ancestrais de algas, fungos, plantas e animais. Isso revelou que várias linhagens de diferentes espécies habitavam o planeta naquele período.

As descobertas foram publicadas na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS). Diversas linhagens de eucariontes, seres cujas células possuem núcleo delimitado, surgiram há 1,5 bilhão de anos e se diversificaram durante o evento de oxigenação do Neoproterozoico. Nessa época, há 800 milhões de anos, a geoquímica permitiu a oxigenação profunda dos oceanos.

Evento de Oxigenação do Neoproterozoico: Um Período Crucial para a Diversidade dos Eucariontes

O estudo revela que a diversidade de amebas, plantas, algas, fungos e ancestrais dos animais sobreviveu ao período Criogeniano, que teve dois eventos de glaciação. Durante esse período de gelo, conhecido como Terra Bola de Neve, o planeta foi coberto por gelo por cerca de 100 milhões de anos.

Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), destacou que, até recentemente, acreditava-se que quase nada habitava o planeta naquele período, apenas algumas bactérias e protistas. No entanto, fósseis de seres unicelulares datados de cerca de 800 milhões de anos foram identificados, mudando essa percepção.

Qual a Importância das Tecamebas na Reconstituição da Árvore da Vida?

O trabalho dos pesquisadores foi baseado nas tecamebas, o maior grupo do clado Amoebozoa, que se locomovem por projeções celulares chamadas pseudópodes. Com a ajuda de matemática probabilística, os cientistas puderam determinar a morfologia de tecamebas ancestrais usando dados genéticos de espécies atuais. Isso permitiu comparações com fósseis e revelou uma maior diversificação desses organismos no Neoproterozoico.

  • A técnica single-cell transcriptomics foi essencial para sequenciar o transcriptoma de uma única célula.
  • Essa técnica permitiu estruturar a filogenia do grupo das tecamebas, mostrando a proximidade evolutiva com animais.
  • O estudo avançou significativamente no entendimento da diversidade de eucariontes há 800 milhões de anos.

Como Aconteceu a Diversificação da Vida na Terra?

O novo estudo antecipa em 260 milhões de anos os eventos de diversificação em massa, anteriormente datados da revolução do Cambriano há 540 milhões de anos. Durante o Cambriano, a Terra já era habitada por seres como trilobitas e braquiópodes em um clima moderado e úmido.

Daniel Lahr explica que as amebas Arcellinida daquele período habitavam águas salgadas, mas evoluíram para viverem em água doce. Essa adaptação ao longo do tempo é mais uma prova da incrível capacidade de adaptação desses seres vivos.

  1. Inicialmente, amebas habitavam águas salgadas.
  2. Com o tempo, todas as linhagens passaram a habitar águas doces.
  3. Isso demonstra uma grande capacidade de adaptação.

A pesquisa, apoiada pela Fapesp, utilizou a técnica inovadora chamada single-cell transcriptomics. Essa técnica permite sequenciar o transcriptoma de uma única célula, revelando o genoma expresso e ajudando na identificação de espécies passadas.

Com essas descobertas, os cientistas conseguiram duplicar a informação sobre eucariontes no Neoproterozoico, proporcionando uma nova visão sobre a diversidade de vida na Terra há 800 milhões de anos.

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