Ciência e Saúde
Cresce o número de especialistas em apoio psicológico na pandemia
Reflexos da covid-19 na sociedade são principais motivos para aumentoSegundo pesquisa feita em 2021 pela consultoria internacional Willis Towers Watson (WTW), onde funcionários de empresas voltadas ao setor de saúde foram entrevistados, constatou-se a expectativa de que nos próximos 18 meses os transtornos mentais irão crescer e gerar muitas despesas. A Organização Pan-americana de Saúde afirmou que é preciso fortalecer as respostas de saúde mental à Covid-19 com apoio psicossocial. O documento relata que quatro em cada dez brasileiros desenvolveram ansiedade no ano passado. Com isso, é necessário uma demanda maior de especialistas para ajudar as pessoas a tratar de seus transtornos. O Vittude, aplicativo criado em 2016 a fim de conectar pacientes com profissionais de saúde mental, passou de sete clientes corporativos para 150, sinal de que há uma maior preocupação por parte dos empregadores para com a saúde mental de seus trabalhadores.
Segundo o psicólogo Diogo Hudson, esses dados mostram uma total falta de saúde mental. “Quando as pessoas olhavam para a terapia como algo que iria tratar uma doença, era como se apenas uma parte da sociedade precisasse de terapia. A psicologia se modernizou e várias outras técnicas foram implementadas nos últimos anos, dentro do ambiente de trabalho, por exemplo. E cada vez mais as pessoas percebem que não é só o caso de patologias, como a esquizofrenia, que o serviço terapêutico pode ser procurado. Pessoas em qualquer situação podem procurar a terapia para melhorar seu equilíbrio emocional e ter mais foco nos objetivos”, alerta.
Um dos grandes problemas da atualidade é que as pessoas estão cada vez mais aceleradas em uma época de internet e tecnologia e não querem fazer anos de terapia. Então, cada vez mais elas procuram pela psicoterapia breve, que são uma série de técnicas que podem ser solução para problemas bem pontuais. “Se uma pessoa buscar uma técnica que usa a respiração, por exemplo, ela pode ter um pouco mais de foco. A psicoterapia breve se desdobra em inúmeras técnicas, tanto usadas por psicólogos, como a terapia cognitivo-comportamental, quanto por terapeutas, como as constelações familiares, a PNL, entre outras”, esclarece Diogo.
Diogo Hudson concorda que essa área realmente cresceu e arrisca dizer que os profissionais se interessaram por essa área a partir das suas próprias questões. “Isso é muito visto na faculdade, quando as pessoas escolhem fazer psicologia para tentar entender algum problema que possuem com alguém da família. Ou então, nos cursos de terapia holística, as pessoas passam por algum luto, ou algum outro processo complexo, e terminam gostando daquilo e se aprofundando”. Apesar disso, Diogo pondera que as técnicas de psicoterapia breve não são aprofundados na universidade. “A faculdade fala mais da teoria do que da prática. Já os cursos de psicoterapia breve são mais práticos que teóricos. O psicólogo tem o seu papel e funciona muito bem, o terapeuta também. O que acontece hoje é que faltam profissionais gabaritados na área por o paciente não ir até esse profissional”, lamenta.