Ciência e Saúde
Covid e vacinação na gestação – especialista esclarece dúvidas sobre o tema
Maria Cecília Erthal, médica ginecologista e diretora do Vida Centro de Fertilidade, revela que durante a pandemia surgiram muitos questionamentosCom o crescimento acelerado de mulheres que passaram a congelar seus óvulos no período da pandemia, surgiram também muitos questionamentos referente a ação da Covid-19 na gestação e na segurança do procedimento de reprodução humana durante a pandemia.
Pensando nisso, a médica Maria Cecília Erthal, médica ginecologista e diretora do Vida Centro de Fertilidade, esclareceu algumas das principais dúvidas acerca do tema:
1 – A tentante deve vacinar se estiver fazendo tratamento de fertilização?
Aconselhamos que a mulher que está tentando engravidar ou que já esteja grávida, se chegar o seu momento da vacinação, se vacine. As grávidas, inclusive, tem prioridade, principalmente quando tem algum tipo de comorbidades. Se possível, deem preferência a vacina da Pfizer, porque tivemos um evento isolado que envolveu a vacina da Oxford Astrazeneca, então até que até esse evento seja esclarecido, que as grávidas e tentantes deem preferência a vacina da Pfizer
2 – As gestantes devem manter os cuidados de proteção contra a Covid-19 após a vacinação?
Sim, com certeza. Muitas dúvidas ainda precisam ser esclarecidas no que diz respeito à infecção pelo coronavírus. Então a gente aconselha principalmente nesse período delicado da vida da mulher, quando ela tá gestante, que elas continuem com todas as medidas de proteção, evitando aglomerações, lavagem das mãos e uso das máscaras.
3 – Se a gestante pegar Covid, o bebê também pega?
Já existe evidência científica que o coronavírus não atravessa a barreira placentária , ou seja, não temos a infecção ascendente. Por esse motivo, quando o bebê nasce ele pode sim se contaminar através da respiração materna e ter a infecção pelo coronavírus, mas não a contaminação durante o período da gestação, muito menos através do aleitamento materno.
4 – A mãe pode amamentar se estiver com Covid, sem prejudicar o bebê?
Sim, deve amamentar. Porque o vírus não passa através do aleitamento, mas ela sim pode passar anticorpos que protegem o bebê. Então não tem contra indicação, muito pelo contrário, a mãe ajuda na proteção de seu bebê, amamentá-lo vai na verdade protegê-lo e não prejudicá-lo
5 – Mães grávidas que desenvolveram anticorpos contra o coronavírus após receberem a vacina podem transferi-los para o feto?
Sim, já tem estudos comprovando a passagem desses anticorpos produzidos pela mãe via placenta, e isso com certeza ajudaria a proteção do bebê tanto intra útero, que já sabemos que o vírus não passa, mas principalmente no momento do nascimento, quando o bebe fica à mercê da infecção, fica mais possível acontecer, principalmente se a mãe estiver com o vírus no momento do nascimento, como a mãe tem um contato direto com esse bebê, vai amamentar esse recém-nascido, e se ela foi vacinada e passou os anticorpos com certeza a gente aumentou o grau de proteção do filho.
6 – É possível e seguro ministrar doses de vacinas diferentes para grávidas, como sugere o recente estudo espanhol divulgado?
Esse estudo espanhol levou em conta o uso da aplicação da vacina astrazeneca como primeira dose e a vacina Pfizer como segunda dose, mas na população em geral, ele não mostrou um estudo específico dessa forma de aplicação das vacinas nas gestantes. Porém, enxergamos isso como uma excelente possibilidade para aquelas mulheres que tomaram a vacina que está contra-indicada, como a Astrazeneca, antes de estarem grávidas, e para que elas não percam a oportunidade de concluir seu calendário vacinal, que elas tomem a segunda dose durante a gestação de uma vacina que, para elas, é considerada segura, que é o caso da vacina da Pfizer. É um estudo que mostra uma importante resposta imunológica com aumento de mais de 50x a produção de anticorpos neutralizantes, com o uso de uma vacina que pode ser utilizada durante a gestação.
Então vemos com bons olhos, principalmente para as pacientes que já tomaram a primeira dose da vacina Astrazeneca, que a princípio está contra-indicado o uso para gestantes, porque teve o efeito adverso em uma paciente no Brasil.
Essa forma de vacinação mostrou com o estudo excelentes resultados, pois aumenta de forma exponencial a produção de anticorpos neutralizantes. Então a princípio, seria uma solução para pacientes que já foram vacinadas com uma vacina específica, e não poderiam repetir a segunda dose da mesma durante a gestação.