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Ciência e Saúde

Com pandemia, mortes por causa mal definida saltam 30%

Dados podem ser indicativo de subnotificação de Covid-19

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mortes por causa mal definida
Com pandemia, mortes por causa mal definida saltam 30%
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Com pandemia, mortes por causa mal definida saltam 30%

De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, mortes por causa mal definida saltaram 30% em 2020, ano marcado pela pandemia de Covid. Esses dados podem indicar subnotificação de óbitos decorrentes da Covid-19, que oficialmente ultrapassam os 600 mil no Brasil. Ao todo, foram registradas 97.436 mortes desse tipo no país em 2020, ante 74.972 durante 2019.

Segundo a médica Roberta França, a subnotificação de mortes por Covid é algo que a maioria dos que estão na linha de frente, desde o começo da pandemia, apontam. “Os números não são exatamente condizentes com a realidade, tendo em vista o número de pacientes que vinham sendo internados nos piores momentos da pandemia”, observa. Essas mortes podem ter ocorrido antes dos testes de covid ficarem prontos, por exemplo. Em outros casos, pacientes não fizeram testes, pois não tinham kit em hospitais públicos, ou os hospitais não fizeram a notificação adequada, ou também por o paciente ter falecido em casa e não ter sido notificado ao Ministério da Saúde.

Médica Roberta França

Roberta França, médica (Foto: Divulgação)

Além desses fatores, Roberta também aponta a suposta interferência política na divulgação de dados da pandemia. “Infelizmente, em um momento em que a ciência deveria estar na frente, onde a prioridade é a fala dos cientistas, não foi isso que foi levado em conta. Sabemos que o número de óbitos por covid no Brasil é infinitamente menor que a realidade. Vamos passar pela história sem ter a certeza real do número de vítimas”, lamenta.

Ainda segundo Roberta, seria importante o Brasil ter cada vez menos subnotificação de covid e outras doenças para ver como o país caminhou na pandemia e para se organizar melhor ao combater possíveis surtos de doenças no futuro. “Estudos poderiam ser feitos, tecnologias poderiam ser desenvolvidas e tudo isso fica defasado”, ressaltou.