Ciência e Saúde
Amigos imaginários são bons para crianças?
Psicóloga explica que sim e dá dicas para adultosPrincipalmente no início da infância, as crianças estão sempre aprendendo algo novo, são criativas e têm muita imaginação. Com isso, é comum elas criarem um amigo imaginário, que pode ser invisível ou mesmo um brinquedo, em que a criança trata como um amiguinho de verdade e as acompanham em suas rotinas e atividades. Mas há quem confunda os amigos imaginários delas com problemas psiquiátricos ou até mesmo questões sobrenaturais. Faz mal às crianças terem um amigo imaginário?
A psicóloga Claudia Melo explica que é comum as crianças terem amigos imaginários entre os dois e sete anos de idade e que não necessariamente ela vai ter um amigo imaginário. “Algumas crianças precisam deste objeto de fora da realidade em que ela também se vê, ela fala por ele. Esse amigo tem personalidade, fala o que gosta e o que não gosta. Às vezes, a criança usa o amigo imaginário para dizer o que gosta e o que não gosta. É importante que os pais percebam isso e consigam interagir com a criança e trazê-la para perto para entender o mundo da criança, por quê esse amigo imaginário está tão perto, como ele pode fazer parte da rotina da família. É claro que o amigo imaginário não vai substituir ninguém da família, mas ele tem seu espaço”, esclarece.
Ter um amigo imaginário é ter alguém em que a criança vai despejar seus medos, seus conflitos, suas angústias, e ela vai ter conversas com ele. Claudia diz que isso estimula a criatividade. “Ela vai aumentar o vocabulário, pois vai estar o tempo todo conversando, e dentro dessa conversa ela cria situações, histórias, e é interessante entender que faz parte. Percebendo que essa criatividade tem um lugar importante, quem sabe colocando a criança numa aula de teatro ela não pode desenvolver um talento artístico”, incentiva.
Claudia reitera que o que vai diferenciar um amigo imaginário saudável de algum problema psicológico é a leveza com que a criança administra a situação. “Esse amigo imaginário não vai causar dor nesta criança, não vai causar pânico, sofrimento, não vai dar vozes de comando para fazer mal contra alguém ou contra ela mesma. Percebendo que a criança está sofrendo com essa presença, que ela está entendendo isso como uma perseguição, é importante procurar um profissional, e ele avaliando, ele pode encaminhar para um psiquiatra para esta criança ter este suporte, mas são casos raros. Se a criança tem dificuldade de se relacionar com a família, ou com amigos, e fica o tempo todo só com esse amigo imaginário, é importante que se procure ajuda também, pois a criança precisa interagir com pessoas reais. Ela precisa aprender a lidar com as frustrações, com os nãos, e ela só vai aprender a fazer isso estando no mundo real”, alerta.