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Carnaval

Emoção e homenagens marcam ato simbólico de ‘abertura do carnaval’ no Museu do Samba

Nelson Sargento, de 96 anos, bisneta de Tia Ciata e outros sambistas participaram do evento, que cobrou mais atenção das autoridades para situação dos trabalhadores do setor

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Nelson Sargento, de 96 anos, bisneta de Tia Ciata e outros sambistas participaram do evento, que cobrou mais atenção das autoridades para situação dos trabalhadores do setor (Foto: Divulgação)

Nelson Sargento, de 96 anos, bisneta de Tia Ciata e outros sambistas participaram do evento, que cobrou mais atenção das autoridades para situação dos trabalhadores do setor
(Foto: Divulgação)

O Museu do Samba promoveu um ato simbólico de “abertura do carnaval”, na manhã desta sexta-feira (12), na sede da instituição, na Mangueira. O encontro celebrou a tradição carnavalesca na cidade, homenageou vítimas da Covid-19 e cobrou socorro para os trabalhadores da cadeia produtiva da folia. Aos 96 anos, Nelson Sargento, baluarte e presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira, roubou a cena com sua presença e emocionou a todos ao relembrar canções imortais de sua autoria.

Participaram o ato também a fundadora do Museu do Samba, Nilcemar Nogueira; o compositor e membro do Conselho Deliberativo da instituição, Tiãozinho da Mocidade; as produtoras culturais Gracy Moreira, Geisa Ketti e Selma Candeia; quatro baianas de agremiações do Grupo Especial e do Acesso, além de um ritmista da Mangueira.

O grupo iniciou o ato cantarolando o clássico “O Morro Não Tem Vez”, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Em seguida, os convidados lembraram canções antológicas como “A Voz do Morro”, do portelense Zé Ketti, e “Agoniza, Mas Não Morre” e “Cântico à Natureza”, ambas de Nelson Sargento.

Ao comentar o cancelamento do carnaval, o bamba mostrou-se esperançoso. “Todos nós estamos um pouquinho tristes por não ter desfile, mas foi melhor assim. Temos que estar todos vacinados para fazermos um grande carnaval em 2022”, disse o compositor, que já tomou a primeira dose da vacina.

Após uma singela homenagem às vítimas da Covid-19, o ato exaltou a ancestralidade, destacou a importância da resistência cultural do samba e cobrou mais atenção das autoridades para os trabalhadores do setor.

“Sugerimos à prefeitura a realização de um ato oficial, mas não foi possível. Então decidimos fazer o nosso, porque o Museu do Samba simboliza resistência e representa um quilombo em defesa do samba e da cultura popular. Não iremos deixar o samba morrer. E é fundamental que sejamos acudidos e lembrados neste momento difícil de pandemia. Não podemos ser lembrados apenas no momento de festa. Temos que pensar na cadeia produtiva de trabalhadores do carnaval. O carnaval movimenta mais de R$ 5 bilhões para a cidade. A questão é, quem se beneficia com isso? Precisamos fazer essa reflexão. Por isso, decidimos fazer o ato, homenageando as vítimas da Covid-10, saudando nossa ancestralidade e pedindo socorro para os trabalhadores do carnaval”, analisou Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba.

Filha de Zé Ketti, Geisa Ketti fez coro: “Lutamos por políticas públicas adequadas às nossas demandas. Tudo para o povo do samba e para o povo preto é muito difícil, sempre precisa de sacrifício para acontecer. Nossa voz praticamente não ecoa, por isso estamos sempre lutando para políticas culturais de verdade”.

Tiãozinho da Mocidade, cinco vezes campeão de samba-enredo na Verde e Branco da Zona Oeste, contou que tenta deixar a tristeza de lado fazendo planos para o próximo ano. “O samba é resistência. Sempre foi assim! Quero poder tomar logo a vacina para ficar em paz. Desejo o mesmo para todo o Brasil. Ainda temos muita coisa para fazer pelo samba e pelo carnaval”, disse o compositor, que terá sua biografia lançada em breve pela UERJ.

O encerramento do ato foi ao som de “Não Deixe o Samba Morrer”, sucesso do repertório da cantora Alcione.

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