Brasil
Sentimento de menos valia atinge mulheres e homens, entenda a diferença de como ambos enfrentam novos desafios
Segundo a especialista Tatiana Pêgo, 79% da população sofre com o medo excessivo de arriscar, e vivem como ‘prisioneiras de opiniões alheias’
“Me sinto insegura, despreparada para encarar desafios”, esta foi uma frase que a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michele Obama, declarou enquanto palestrava para alunos de uma Universidade na Inglaterra. Esse discurso é mais comum do que se imagina. Esse sentimento de menos valia tem relação direta com o olhar individual de cada pessoa sobre ela mesma, e sua autoestima. A forma como cada um se enxerga, impacta diretamente na autoconfiança para realizar e consequentemente os resultados desejados.
Atualmente, 70% das pessoas bem-sucedidas não se acham profissionais de sucesso, e uma a cada cinco, não se sente capaz de realizar tarefas. Apesar de colocarem em prática o que precisam ou desejam, sentem que “não foi bom o suficiente”, e consequentemente, se julgam uma fraude, justamente por achar que as pessoas gostam ou admiram qualidades que para ela não são reais. A Síndrome do impostor começou a ser estudada na década de 70 por duas psicólogas norte-americanas, que mapearam comportamentos de mulheres bem-sucedidas, onde atribuíam seu sucesso à sorte, ao acaso.
Alguns pontos são essenciais para entender a síndrome, como os padrões de sensações: sentimento de culpa por gerar no outro a impressão que não corresponde à realidade, dificuldade de enxergar qualidades, e seus talentos, entre outros. Essas pessoas vivem como ‘prisioneiras de opiniões alheias’, pois o eterno medo de achar que a qualquer momento seu segredo será descoberto, e que não são profissionais de sucesso, toma conta.
Todo esse turbilhão de pensamentos geram um conjunto de sentimentos como o medo de errar, decepcionar, e principalmente, “ser desmascarado”.
Isso tudo acomete homens e mulheres, a um nível mundial, segundo a especialista Tatiana Pêgo. ‘’É importante dizer que esse comportamento mental de ‘será que vou dar conta’ atinge a todos, mulheres e homens. No caso deles, mesmo com medo os homens avançam e arriscam. E isso acontece por conta de um filtro cultural, em que, desde sempre, são encorajados a não mostrarem suas vulnerabilidades. Já as mulheres se sentem fragilizadas por não se enxergarem preparadas para arriscar. Pesquisas mostram que homens, ainda que não preencham 70% das competências exigidas para o cargo, as aplicam mesmo assim. Ao passo que, mulheres só aplicam quando preenchem 99,9% das competências’’, detalha a especialista.
‘’A pessoa nunca vai achar que está preparada para entrar em ação, então, é preciso agir logo. Para cada meta existe uma preparação mínima, faça-a pelo caminho que você acredita ser o melhor. O medo paralisa. Converse a respeito com pessoas de confiança e também um profissional, caso sinta que não está conseguindo pôr em prática. Expor as vulnerabilidades aproxima a gente do progresso. A vida que é vivida com atenção, joga a todos para seus caminhos, mesmo com todas as adversidades. O medo é importante para nos fazer refletir sobre os possíveis caminhos. Ele tem o seu valor, basta saber usa-lo a favor’’.
Segundo a profissional, as pessoas precisam soltar a corrente de que precisam ser sempre nota 10. A autopercepção sobre quais gatilhos geram uma determinada insegurança, é essencial para não deixar os sentimentos ruins crescerem e tomarem conta.
Tatiana também acredita que é rápida a mudança de um estado de pensamento negativo racional para um acesso imediato a outros guardados e esquecidos no subconsciente. Por isso, a autopercepção ajuda a nossa mente não buscar incessantemente por sabotagens. A estatística mostra que 79% da população também não se sente preparado para ‘dar o próximo passo’.
‘’Costumo dizer aos meus clientes, ‘seus sonhos ainda precisam de você’, não perca tempo com medo. Senti-lo é normal, mas em excesso, te paralisa’’, finaliza Tatiana.