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Saúde mental e futebol: Psicólogo comenta caso de Adriano Imperador

Ambiente de alto rendimento do futebol pode ocasionar e agravar transtornos emocionais

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Saúde mental e futebol: Psicólogo comenta caso de Adriano Imperador
Saúde mental e futebol: Psicólogo comenta caso de Adriano Imperador

No ano passado, o ex-atacante da Seleção Brasileira Adriano, ídolo da Inter de Milão e do Flamengo, relatou em entrevista ao “The Players Tribune” que deixou o mundo da bola de forma precoce após quadro de depressão pela morte de seu pai, em 2004, quando vivia grande momento na carreira. “Depois daquele dia, meu amor pelo futebol nunca mais foi o mesmo. Meu pai amava futebol, então eu amava futebol. Simples assim. Era meu destino. Quando joguei futebol, joguei pela minha família. Quando marquei, marquei para a minha família. Então, quando meu pai morreu, o futebol nunca mais foi o mesmo” disse o Imperador.

No futebol, altas expectativas e pressão para o desempenho fazem parte da vida do profissional, mas o ambiente intenso pode facilmente afetar negativamente o desempenho. Especialista no assunto, o psicólogo André Barbosa afirma que a batalha entre a “cabeça” e o “campo” gasta muita energia psíquica, podendo levar à ansiedade e depressão.

“No caso de um esportista que está lutando contra a ansiedade e depressão, em nível cognitivo, ele está demandando muito gasto de energia mental e física. Com muita frequência, o atleta pode entrar em burnout, ataque de ansiedade, síndrome do pânico ou até mesmo depressão. A pessoa pode até parar, como aconteceu com o craque Adriano, o Imperador”, exemplifica o psicólogo.

Com tanta pressão em cima dos jogadores, André Barbosa revela os tipos de distúrbios que podem aparecer. “O primeiro sintoma é querer fugir de tudo isso e a pessoa pode ir para o álcool, o sexo, as drogas, passa a ir a muitas festas, consome coisas em excesso e apresenta outros comportamentos compulsivos”, afirma o especialista.

Sem uma válvula de escape para liberar essas emoções e nem terapia para ajudar, André Barbosa alerta que as exigências podem causar sintomas ainda mais graves: “A mente acaba gerando doenças no corpo, como problema de pele, herpes, acnes, queda de cabelo, o sistema imunológico fica comprometido e a pessoa pode ter até ataques com náuseas, desmaios, epilepsia e surtos”. 

Para André Barbosa, não existe fórmula mágica ou tempo ideal para a recuperação mental. “Tem pessoas que lidam bem com derrotas, eventos ruins e são resilientes, enquanto outras ficam remoendo cenas, se culpando e tentando ver onde falhou”, diz. 

O psicólogo reforça a importância dos jogadores de futebol que estão em evidência cuidarem da saúde mental: “Principalmente os mais famosos, que sofrem com o olhar de fora e com a torcida. Hoje, é essencial uma terapia para ter uma vida de qualidade sendo esportista. Além de saber lidar com as pressões, é necessário entender as raízes que criaram os problemas, como tratar e ressignificar as crenças centrais do indivíduo. O que é uma derrota, o que significa lidar com a opinião do outro? É preciso aprender a ter resiliência e lidar com julgamentos e críticas da forma mais leve possível”, completa.