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Reacts, memes e paródias: Especialista explica como a política é transmitida aos mais jovens com uma dose de humor

Analista político Giuliano Salvarani discute sobre os prós e contras do “infotenimento” generalizado

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Reacts, memes e paródias: Especialista explica como a política é transmitida aos mais jovens com uma dose de humor (Foto: Divulgação)
Reacts, memes e paródias: Especialista explica como a política é transmitida aos mais jovens com uma dose de humor (Foto: Divulgação)

Terno, gravata e nada de sorrisos. Em outros tempos, pensar em discutir política poderia trazer uma imagem estereotipada de formalidade e padronização. Com a difusão e compartilhamento das ideias sob responsabilidade dos meios tradicionais de comunicação, como TV, jornais, rádios e revistas, a linguagem política era sempre atrelada a um conteúdo que precisava ter uma estética de seriedade e com profundidade.

Porém, com a grande importância que as redes ganharam nas últimas décadas, o que vemos hoje é uma realidade na qual os conteúdos podem entreter e, ao mesmo tempo, passar uma mensagem. Assim, memes, vídeos de reacts, perfis de paródia e outros tipos de abordagem vêm ajudando a difundir questões também no meio político.

Para o analista Giuliano Salvarani, conseguir se adaptar à era do “infotenimento” é um grande desafio para todos os grupos políticos. De acordo com ele, muitas figuras importantes acabam não se acostumando ou encontrando uma equipe jovem e atualizada para produzir de forma adequada nesses novos formatos.

“Todos querem abrir as redes sociais e ver conteúdos interessantes. Precisamos agora pensar como a política tem se incorporado aos algoritmos do novo marketing de influência no Brasil, para assim conseguir pensar em novos conteúdos e novos políticos para a sociedade brasileira”, explica.

Professor a influenciador: o novo ambiente de debate

Uma coisa interessante é ver o crescimento de historiadores e especialistas em política como produtores de conteúdo nas redes. Com uma abordagem bem contextualizada e com um direcionamento, esses influencers e youtubers visam o entretenimento e a educação dos seus seguidores. Seja para reagir a vídeos ou até ensinar conceitos mais profundos, esses profissionais estão conseguindo aumentar o engajamento e alcançar diversos nichos, principalmente os mais jovens.

De acordo com Giuliano, os mais jovens associam de forma muito mais direta alguns tipos de conteúdos a determinados posicionamentos políticos. Ou seja: se você quer atingir esse público, use suas linguagens e seus conteúdos para também falar de política.

“Você pensa que está vendo um conteúdo só sobre futebol, humor, celebridades, jogos online e investimentos, mas o que não percebemos é que há uma mensagem política permeada direta ou indiretamente a todo momento. Se feito com consistência, isso pode causar impactos determinantes no imaginário político dos mais jovens”, revela

Trocar livros por influenciadores pode ser prejudicial?

Uma das grandes discussões sobre o avanço dessa nova forma de educar politicamente está na no nível de aprendizado. Se de alguma forma esses recursos mais rápidos podem prender a atenção, há o outro lado da moeda que talvez favoreça um certo “desleixo”. Assim, trocar livros, artigos e documentários por vídeos curtos produzidos por influenciadores e youtubers pode diminuir o senso crítico e formar fãs doutrinados.

Sobre essa problemática, o especialista alerta que isso vem acontecendo em todos os segmentos, e não apenas na política. Segundo ele, a arquitetura cibernética tem alterado o padrão de consumo de conteúdos para serem cada vez mais rápidos, dinâmicos, com mais imagens e efeitos. Para ele, isso prejudica a absorção mais completa de temas complexos, como no caso da política.

Assim, mesclar os conteúdos mais rasos com os mais profundos pode ser uma boa alternativa. O que vale não só para movimentos sociais, mas para partidos e políticos, sendo essa também uma estratégia de negócios para influenciadores.

“O exemplo é o video-essay. São vídeos mais longos, mas que possuem muitas imagens, com um storytelling roteirizado no qual é proposto uma discussão em torno de um tema complexo, mas com uma linguagem acessível. É interessante porque as pessoas só assistem a esses vídeos mais longos porque viram 10 vídeos curtos sobre o tema antes de se interessar mais profundamente. E isso pode ser replicado”, finaliza.