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Mulheres Tech ensina trabalhadoras domésticas a usarem o computador

Programa inicia as aulas no RJ, no IBMR, com 30 alunas em clima de entusiasmo e união

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Programa inicia as aulas no RJ, no IBMR, com 30 alunas em clima de entusiasmo e união (Foto: Divulgação)
Mulheres Tech ensina trabalhadoras domésticas a usarem o computador (Foto: Divulgação)

Chega ao Rio de Janeiro, o programa Mulheres Tech, iniciativa gratuita que promove alfabetização e letramento digital para trabalhadoras domésticas em várias partes do Brasil. Além do Centro Universitário IBMR, onde as aulas começam a ser ministradas em solo carioca, a iniciativa chega também para outras Instituições de Ensino Superior (IES) que fazem parte do Ecossistema Ânima: UNIFACS, USJT e UNIFG, localizadas em Salvador, São Paulo e Recife, respectivamente.

Paraibana, 59 anos, avó, trabalhadora doméstica desde os 18, Maria José Faustino da Costa ingressa no Mulheres Tech. “Esperei as colegas mais jovens se inscreverem, daí, surgiu a oportunidade e fui. Se eu pegar gostinho pela coisa, vou comprar um notebook para mim depois”, planeja ela, que é moradora de Nova Iguaçu.

Na primeira aula do curso, na sala moderna do IBMR, com computadores individuais e professores capacitados à disposição, Maria José afirma que “se sentiu muito importante”. “Eu gostei do espaço e vou voltar até concluir o curso”, planeja. Nesta primeira aula, uma lembrança lhe veio à mente: a época em que aprendeu a ler, no interior da Paraíba, junto dos quatro irmãos. “Eu morava em roça. Não tinha professor para todo mundo. Era uma professora para mim e meus irmãos”, lembra.

A formação do Mulheres Tech terá carga horária de 120 horas. Durante as aulas serão repassadas informações sobre introdução ao mundo e ao pensamento digital, manuseio e utilização de ferramentas tecnológicas básicas de comunicação, desenvolvimento de competências a partir de mecanismos lúdicos de tecnologia e trabalhar habilidades como comunicação, desenvolvimento pessoal, trabalho em equipe, resolução de problemas.

No “busão”, pela educação

“Tem teclas no computador que eu ainda não sei usar. Então preciso ficar pedindo ajuda”, admite a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município do Rio de Janeiro (STD-RJ), Maria Izabel Monteiro, que também iniciou o curso. Ela diz que precisou aprender algumas funções no equipamento há alguns anos, por causa do cargo que ocupa, hoje, já no segundo mandato.

Maria Izabel, que mora em Duque de Caxias e precisa de mais de 1h30 de ônibus, para chegar o curso, na unidade do IBMR, em Botafogo, ainda atua como trabalhadora doméstica. Ela afirma que fez questão de se inscrever para o curso por um outro motivo bem importante: “Quando até a presidenta do sindicato faz o curso, isso serve de estímulo para que as colegas participarem também”, explica.

Todas as aulas serão ministradas por estudantes das IES que fazem parte da Ânima, sob supervisão de professores e profissionais da Themis, além do acompanhamento da Ânima Lab Hub. As participantes ainda terão a oportunidade de vivenciar formações práticas, usar ferramentas tecnológicas do dia a dia, aplicativos e muito mais.

A iniciativa é mais do que um programa de treinamento tecnológico: é uma jornada de empoderamento que visa quebrar barreiras e criar oportunidades para as trabalhadoras.

A presidenta do STD-RJ aponta que, na primeira aula, ficou claro que as colegas sabem usar o celular, mas de forma precária. Mas, para aproveitar esta abertura inicial com a tecnologia, as instruções em sala de aula, sempre fazem um paralelo do computador com os telefones celulares. “Mas é um ganho que vamos ter. Uma trabalhadora doméstica que queira fazer uma faculdade, com este curso, ela já consegue escrever os trabalhos”, exemplifica.

Para Samara Leal, gestora da Ânima Lab Hub, o programa visa abrir novas portas no mercado de trabalho. “A iniciativa teve início por conta da exclusão digital enfrentada por muitas trabalhadoras. Com essas competências, elas não ampliam apenas perspectivas de emprego, mas também ganham a capacidade de interagir, participar e influenciar nas esferas digitais”, destaca Samara.

O projeto foi iniciado em 2022 pela ONG Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, pela Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) e pela Ânima Educação no campus UniRitter FAPA, em Porto Alegre, sob orientação do professor Vinicius Cassol e da professora Vanessa Kopp. Desde então, cerca de 100 trabalhadoras já receberam capacitação apenas em Porto Alegre. A expectativa é que a partir de setembro de 2023, 180 pessoas participem das atividades.

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