Manipulações aceleram debate sobre regulamentação das apostas esportivas no Brasil

Nos últimos dias um escândalo tomou conta do futebol nacional e se tornou caso de polícia. A investigação do Ministério Público de Goiás, que ganhou o nome de “Penalidade Máxima”, foi assunto por semanas e se tornou pauta até em emissoras internacionais. De acordo com o inquérito, que iniciou em novembro de 2022, diversos atletas das principais competições nacionais estariam envolvidos em um grande esquema de manipulação de resultados visando ganhos em apostas esportivas.

Por conta desse abalo, autoridades e especialistas do mercado começaram a se movimentar em busca de debates que consigam trazer regulamentações visando a segurança das casas e dos apostadores. Para Helder da BET, que é um dos principais influenciadores deste setor, uma grande campanha de informação e conscientização se faz necessária dentro dos próprios clubes.

“Clubes e jogadores precisam ser instruídos. Desta forma, ambos estarão conscientes da gravidade que é aceitar uma ajuda financeira para manipular um resultado. O mais importante é que o atleta saiba como identificar, reagir e para quem reportar quando receber algum valor indevido. Exemplo disso é o caso do Victor Ramos e Kevin Lomónaco. Os jogadores alegaram em depoimento que não sabiam que isso era uma infração”, disse ele.

Segundo o MP de Goiás, mais de 60 jogadores foram citados até agora. Atualmente, o inquérito está sendo apurado por uma Comissão Parlamentar, conhecida como CPI das Apostas. Todo esse escândalo fez com que o tema relacionado à regulamentação das atividades no Brasil ganhasse força entre os deputados e senadores.

Helder acredita que algumas medidas precisam ser tomadas para trazer organização e proteção de todo o mercado, já que cada vez mais são criadas novas casas de apostas sem nenhuma normatização.

“O atraso da regulamentação é um prejuízo não só na arrecadação, mas também por criar dificuldades em movimentar as informações corretas aos clubes e entidades, evitando assim maior manipulação nos resultados. As apostas esportivas estão legalizadas no Brasil, porém pendentes de uma regulamentação”, explica.

Com um crescimento acentuado após 2018 e atraindo cada vez mais os jovens, estima-se que as apostas esportivas movimentam mais de R$ 12 bilhões por ano no Brasil – estudo feito por Magno José, presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal. Sem qualquer controle, o país ainda está longe do modelo adotado no Reino Unido, onde há diversas regras severas, tributação e aplicação de investimentos impactantes no setor.