Brasil
Manifestantes pró-Bolsonaro descumprem quarentena e realizam carretas em várias cidades do país
Apoiadores do presidente reivindicam o fim das medidas restritivas e a retomada da economia. Além disso, há protestos contra o STF e a Câmara dos Deputados(Por: Correio Braziliense) Pelo segundo dia consecutivo, apoiadores de Jair Bolsonaro saíram às ruas, de carro, para pedir o fim das medidas de isolamento social adotadas no combate à Covid-19. Em Brasília, aproximadamente 100 veículos participaram de uma carreata, na manhã deste domingo, no Eixo Monumental, em direção à Praça dos Três Poderes.
Guiados por um carro de som, os manifestantes bradavam gritos de protesto a favor da reabertura do comércio e normalização das atividades econômicas. Vestidos de verde e amarelo e erguendo a bandeira do Brasil, motoristas buzinaram durante o trajeto, pediram o impeachment do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e intervenção militar.
O Supremo Tribunal Federal (STF) também foi alvo de ataques, com pedidos de fechamento. O protesto contra a Corte foi intensificado depois da decisão, unânime, de dar autonomia para estados e municípios decidirem sobre medidas de isolamento social. “O Supremo falou que eu não tenho autoridade para isso, mas, no que depender de mim, vamos começar a flexibilizar e mostrar que não é esse o caminho”, disse, o presidente da República, no sábado, aos apoiadores que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto e receberam os cumprimentos do chefe de Estado.
O grupo aproveitou para passar em frente à sede da Rede Globo, na Asa Norte, que foi protegida por policiais militares. A emissora foi chamada de “assassina” e “genocida”. Nos últimos dias, profissionais da empresa têm sido alvo de ataques durante as coberturas jornalísticas, sofrendo ataques de apoiadores de Bolsonaro, que invadem a transmissão e praticam ofensas explícitas a repórteres e cinegrafistas.
Mais carreatas
Em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo também houve registros de carreatas pró-Bolsonaro neste fim de semana. No sábado, o governador de São Paulo foi criticado pelos manifestantes, que carregavam faixas dizendo “Fora, Doria”.
No Twitter, João Doria (PSDB) criticou a ação do grupo, ressaltando que 225 cidades do estado são afetadas pela Covid-19 e que o vírus já matou 991 pessoas em SP. “No mesmo dia, algumas manifestações a favor do coronavírus sugiram como ato de sabotar o trabalho de profissionais de saúde, que continuam lutando para salvar vidas”, escreveu.
O mundo inteiro está unido para combater a pandemia. No Brasil, alguns insistem em tratar a doença como se ela escolhesse cor partidária. São aliados da doença. Triste, muito triste.
— João Doria (@jdoriajr) April 18, 2020
No mesmo dia, Bolsonaro criticou a atitude de alguns governantes que prorrogaram o período de quarentena, mas não citou nomes. “A voracidade de alguns políticos, fechando tudo por aí, alguns até prendendo, completamente abominável, levando pânico e terror”. Na ocasião, o presidente também elogiou a atitude dos apoiadores, afirmando que “não tem que se acovardar”. “70% vai ser contaminado. Se não for hoje, vai ser semana que vem, mês que vem, é uma realidade”, disse, sem apresentar embasamento para a afirmação.
Neste domingo, o chefe do Executivo deixou o Palácio da Alvorada e seguiu, de carro, em direção à 302 Norte. Na quadra moram um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM).