Brasil
Estudo revela que brasileiro avalia o esporte no país como corrupto ou muito corrupto
Sentimento vem diminuindo com o passar dos anos por conta das inúmeras manchetes negativas expondo acusações, prisões, escândalos e polêmicas envolvendo entidades, clubes, confederações e federaçõesO canto “sou brasileiro com muito orgulho e muito amor” nas arenas e estádios era uma demonstração clara da paixão do povo pelo esporte. Porém, esse sentimento vem diminuindo com o passar dos anos por conta das inúmeras manchetes negativas expondo acusações, prisões, escândalos e polêmicas envolvendo entidades, clubes, confederações e federações. Consequentemente, esses fatores resultaram numa visão negativa da população, como mostra uma pesquisa recente: 76,6% avaliam o esporte brasileiro como corrupto ou muito corrupto.
O estudo “Corrupção no Esporte – A percepção do público sobre o esporte, sua gestão e integridade” foi coordenado pelo advogado Filipe Alves Rodrigues, diretor do IGE – Instituto de Governança e Integridade no Esporte, em parceria com LAE – Liga de Administração Esportiva do IBMEC. Foram ouvidos 1626 entrevistados das cinco regiões do país, num período de mais de 4 meses.
Segundo o Filipe, a pesquisa teve como objetivo coletar a opinião do público sobre a gestão brasileira do esporte e a percepção de corrução que existe no meio, além de identificar o papel do patrocinador e outros interessados na busca de uma gestão mais íntegra. “A análise foi pautada na opinião do torcedor e do fã sobre o que acham do momento atual, quem consideram como responsável pela corrupção, quem pode ajudar e o que o patrocinador pode fazer”, explica Rodrigues, que atuou como advogado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e de diversas confederações olímpicas e outras organizações esportivas.
Resultado dos dados coletados
A pesquisa mostrou ainda dados relevantes sobre a percepção negativa que a população tem das instituições. Por exemplo, 76,2% dos participantes classificam a gestão do esporte brasileiro como pouco transparente; 50% acreditam que as entidades estão prestando contas de modo inadequado; 61% classificam o esporte no país como pouco democrático; 61.5% do público entrevistado acredita que os principais responsáveis pela corrupção são dirigentes e gestores.
O estudo ainda revelou quais fatores, segundo a opinião das pessoas ouvidas, que mais mancham o esporte. Os principais foram: corrupção financeira (34,6%), assédio sexual (23,7%), manipulação de resultados (19,2%) e endividamento (9,9%). Além disso, 76,8% acreditam que a falta de integridade e boa gestão afetam sua paixão pelo esporte.
O advogado comenta também que foi analisada a relação entre patrocinadores com clubes, federações e confederações. Por exemplo, 86,1% acreditam que um patrocinador deveria apoiar somente projetos com boa gestão e integridade; e 92,2% acreditam que contratos de patrocínio deveriam exigir mais integridade nas organizações.
Conclusões
Para Rodrigues, a ideia do estudo não é condenar as instituições nem simplesmente apontar “dedos” para culpados. “A proposta é apresentar soluções, revelando nossa realidade no Brasil e o que um dos mais importantes stakeholders pensa: o torcedor/público/fã/cliente”. “Concluímos que os patrocinadores brasileiros podem participar mais ativamente para o avanço da transparência e integridade do esporte no país. O que se pretende não é inviabilizar patrocínios. Mas condicionar a mudanças graduais. Porque o público é também consumidor das grandes marcas e espera isso. O desafio é enorme, mas é preciso dar a largada. Ter coragem de se olhar no espelho para efetuar as mudanças necessárias”, conclui.