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Energia Nuclear: Acordo bilionário com a França deve ser assinado em março no Rio

De acordo com o deputado Julio Lopes (PP), o crédito está atrelado à condição da garantia da exploração de urânio no país com a participação da empresa francesa Orano

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Energia Nuclear: Acordo bilionário com a França deve ser assinado em março no Rio (Foto: Carol Paixão/ Divulgação)
Energia Nuclear: Acordo bilionário com a França deve ser assinado em março no Rio (Foto: Carol Paixão/ Divulgação)

Durante almoço entre o deputado Júlio Lopes (PP), presidente da Frente Parlamentar de Energia Nuclear, e o embaixador francês Emmanuel Lenain, na embaixada da França em Brasília, foi discutido entre o parlamentar e o diplomata o empréstimo de 3 bilhões de euros da França para o desenvolvimento do plano nuclear brasileiro.

De acordo com Júlio, o crédito está atrelado à condição da garantia da exploração de urânio no país com a participação da empresa francesa Orano. Júlio informou ainda que a assinatura do empréstimo com o governo francês pode ser concretizada durante a visita do presidente Emmanuel Macron ao Rio de Janeiro, que está prevista para março do ano que vem.

“Esse acordo com os franceses seria de fundamental importância para o país, pois iria ampliar o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), responsável pelo desenvolvimento de submarinos de propulsão nuclear da Marinha; além de outras áreas como na agricultura, medicina nuclear e no intercâmbio científico. Para se ter uma ideia, nos últimos três anos os franceses contrataram 2.200 engenheiros nucleares, enquanto no ano passado aqui no Brasil, foram abertos apenas 200 postos na área, sendo que a maioria na empresa Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S/A ( Amazul), empresa pública criada pelo governo federal para desenvolver novas tecnologias ao Programa Nuclear Brasileiro e ao setor nuclear da marinha”, explicou.

Júlio lembrou que a assinatura deste acordo irá destravar as obras das usinas de Angra dos Reis, principalmente para a modernização de Angra I e a continuidade de Angra III, que já estão paralisadas há mais de dez anos. Ele disse ainda que essa paralisação tem um custo de cerca de R$ 15 bilhões para manutenção para que não haja vazamento de material radioativo; e que para concluir as obras seriam necessários R$ 20 bilhões.

País domina tecnologia para enriquecimento de urânio

O plano nuclear brasileiro possui 20 pontos que podem ser considerados de enorme importância para o programa nuclear brasileiro. Dentre eles, a criação de um programa de fomento a formação de profissionais; criação de uma política nacional de comunicação da área nuclear; a unificação da base de dados; uma política nacional de construção de reatores nucleares de pequeno porte (SMRs); descarbonização e transição de energia, além da realização de um novo mapeamento das jazidas de urânio no Brasil. Para se ter uma ideia das oportunidades extraordinárias oferecidas para esse setor, para que as usinas de Angra I e Angra II sejam abastecidas, o país comprou nos últimos dez anos mais de um milhão de quilos de urânio enriquecido, mesmo o Brasil  dominando toda a tecnologia de enriquecimento de urânio em todas as suas etapas, e estando entre os 10 países do mundo capazes de fazer isso.

“Temos a quinta maior reserva mundial de urânio, o que nos permite já com as reservas reconhecidas e testadas, ter um programa de securitização com base na exportação da ordem de aproximadamente de $7 bilhões de dólares em 10 anos, o que nos garante o financiamento do programa nuclear brasileiro inteiro somente com base na securitização de exportações. A mina de Santa Quitéria, no Ceará, por exemplo, irá produzir a partir de 2026 cerca de 2,3 toneladas de urânio, o que irá gerar aproximadamente USS 400 milhões de dólares anuais em royaltie”, destacou Júlio Lopes.