Brasil
Até quando a gasolina vai aumentar?
Retomada da economia e desvalorização do real estão entre os principais fatores para o desenfreado aumento dos combustíveisA constante crescente do preço dos combustíveis preocupa a todos. A alta acumulada neste ano chega 27,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, os preços subiram 37%. Na última semana, o valor da gasolina ultrapassou a marca de R$ 7 em três regiões do Brasil: Norte, Sudeste e Sul. A informação é de uma pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para especialistas, o dólar tem grande influência nesse comportamento, mas outros fatores também contribuem para essa constante. Afinal de contas, até quando a gasolina vai aumentar?
Estados com valor mais caro cobrado por litro de gasolina comum no Brasil, segundo a ANP:
Região Norte:
Tocantins – R$ 7,36
Acre – R$ 7,31
Região Sudeste:
Rio de Janeiro – R$ 7,05
Região Sul:
Rio Grande do Sul – R$ 7,18
Como se chega ao preço da gasolina?
O preço da gasolina é influenciado por vários fatores e está diretamente relacionado ao custo do barril de petróleo no mercado internacional. A maior fatia da composição do preço da gasolina é da Petrobras, com 32,9%. Os biocombustíveis, que também são incluídos na mistura final, também subiram – caso do etanol anidro, que é adicionado na proporção de 27% na gasolina comum e representa 15,9% do preço final. As margens brutas de revenda e distribuição, por sua vez, são estimadas em 11,7% do preço final.
“O aumento geral se dá por conta da recuperação econômica global, que faz com que a procura por petróleo aumente e, portanto, essa demanda maior, faz com que os preços subam lá fora. Além disso, pagamos em dólares, e como o câmbio está se valorizando, o dólar mais caro e o real mais fraco, faz com que se aumente o valor na importação dos barris de petróleo”, analisa o economista Gilberto Braga, do Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (IBMEC).
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o famoso ICMS – imposto estadual, é responsável por 27,9% do valor final. Impostos federais, como Cide, PIS e Cofins, representam outros 11,6%.
“O consumidor brasileiro, em particular o fluminense, não tem muito o que fazer além de, obviamente, procurar um preço menor. Ele fica refém dessa política, que no Rio de Janeiro é ainda mais grave por conta da alíquota de ICMS e do fundo de erradicação da pobreza, que foi criado anos atrás. Isso cria um contrassenso, já que temos os poços de petróleo no litoral fluminense, em Macaé, as refinarias do Grande Rio e estamos, portanto, próximo do centro consumidor. Pagamos, em média, o preço mais caro do Brasil. Isso é quase que incompreensível estando aqui, produzindo e refinando pagar um preço mais caro que estado de outras regiões, que recebem o combustível por transporte ferroviário ou pluvial”, avalia Braga.
Preocupação dos brasileiros aumenta…
As palavras “gasolina” e “preço” são as mais pesquisadas no Google desde o início do ano. Esta é a primeira vez que isso acontece desde 2015. A informação é do próprio Google. Na última semana, por exemplo, a expressão“por que a gasolina está cara” cresceu 300% nas buscas. Ainda conforme a empresa, o interesse pelo preço da gasolina na internet é o maior em 17 anos.
Como prevê o cenário para os próximos meses?
Para os especialistas, as perspectivas são de que esses aumentos permaneçam de forma proporcional, progressiva, escalonados, por que o Brasil tem uma política de alinhamento de preços com o mercado internacional.
“Ainda vejo um cenário incerto para fazermos uma aposta de quando o preço vai parar de subir. Na realidade, esse valor oscila devido ao preço do barril de petróleo e da desvalorização do real perante o dólar. Quando uma dessas duas coisas acontece, ou as duas ao mesmo tempo, a Petrobras pode fazer revisão no preço. Eu diria que, ao menos por enquanto, o viés é de alta”, opina André Braz, Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense e economista da Fundação Getúlio Vargas”.
Ouça a opinião completa do economista André Braz: