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Abandono de cachorros alcança níveis preocupantes no Rio

No Brasil inteiro, segundos dados da Organização Mundial de Saúde, temos quase 40 milhões de cães e gatos abandonados

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Abandono de cachorros alcança níveis preocupantes no Rio (Foto: Divulgação)
Abandono de cachorros alcança níveis preocupantes no Rio (Foto: Divulgação)

Nesta semana, sete cães entre vira-latas e de raça abandonados, foram resgatados pela ONG Ajuda Patas. O local abriga hoje cerca de 400 animais e mesmo assim não deixa de abrir as portas par os novos integrantes.

No Brasil inteiro, segundos dados da Organização Mundial de Saúde, temos quase 40 milhões de cães e gatos abandonados. Já no estado do Rio de Janeiro tem cerca de 3,4 milhões de animais abandonados, segundo dados do IBGE e Instituto Pet Brasil. Destes, 2,2 milhões são cães e 1,2 milhões são gatos.

De acordo com a presidente da ONG, Bruna Saraiva, o número de cães abandonados é surpreendente em relação aos últimos anos. Entre as raças de cães abandonados, quem lidera essa triste estatística são os SRD, conhecidos popularmente como vira-latas. “Aqui o andono cresceu cerca de 60%. Os mais abandonados sem duvida são os vira-latas, em segundo lugar, os Pitbull, Shih Tzu e Chow Chow”, afirma Bruna.

E segundo ela, entre esses, o recordista é o vira-lata preto. A pelagem do animal também ajuda a identificar os abandonos. A cada cachorro deixado na rua , o sentimento é de desespero, afirma Bruna, presidente da ONG desde 2018. “Realmente é desesperador, afinal gastamos aqui 100kg de ração por dia, sem contar com os cuidados que um animal recém chegado necessita. Veterinário, remédios, e contamos apenas com doações.

Especialista explica porque os vira-latas pretos são os mais a bandonados entre os cães

Essa tendência é confirmada pela especialista em cães, a veterinária, Fernanda Campista, que aponta os vira-latas em geral como os mais abandonados, sendo os de pelagem preta os mais afetados. Ela afirma também que os cães de pelagem preta enfrentam maiores dificuldades para serem adotados devido a estigmas e preconceitos associados à sua cor. “Diversos fatores contribuem para essa situação, como a associação da cor preta com maldade ou azar, além da falsa percepção de que esses cães são mais agressivos e menos comunicativos. Esses estigmas resultam em uma taxa de adoção mais baixa para os cães de pelagem preta, aumentando sua propensão a serem abandonados”.

Para a especialista, “Esses preconceitos são completamente infundados.”

Castração é a solução, segundo veterinários

Uma gata não castrada pode gerar um número estimado de 12 filhotes por ano, considerando duas crias em 12 meses com uma média de 2 a 6 filhotes por gestação. Ao longo de três anos, por exemplo, esse número cresceria para 1.728 gatos nas ruas. Já no caso das cadelas, é possível estimar um número de 8 filhotes por ano, considerando que a fêmea entra no cio a cada 6 meses.

“O procedimento reduz os riscos desses animais apresentarem doenças reprodutivas. No caso das fêmeas (cadelas e gatas) evitamos infecção do útero (piometra), gravidez psicológica, tumores de mama, estresse durante o cio. Já nos machos diminuímos as possibilidades de apresentarem tumores de testículos e próstata, doenças sexualmente transmissíveis, fugas, agressividade e marcação de território”, esclarece o veterinário Samuel Lima.

Mas porque muitos tutores não castram?

Muitos tutores e protetores acabam não castrando, segundo eles, por conta dos altos valores dos procedimentos. A protetora Bruna Aranha, moradora do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, ajuda a cuidar dos gatos da comunidade e dos que tem em casa, um total de aproximadamente 30 animais, hoje todos castrados, mas segundo ela própria demorou anos para conseguir fazer todos os procedimentos. Ela contou ainda que mesmo fazendo todas as cirurgias em clinicas populares, o valor acabou saindo mais alto do que ela esperava.
“Realmente uma castração não é ofertada por valor alto, fui em algumas clínicas populares onde a cirurgia custava entre R$ 80 a 100, mas o total final sempre girava em torno de 800 a 900 reais, por conta de uma série de exames que eram muito caros”.

É o mesmo caso da Bia Vieira, moradora da Pavuna, também na Zona Norte da cidade. Ela é tutora de 15 gatos, todos resgatados, que acabaram procriando dentro da própria casa por não serem castrados.

“Algumas fêmeas eu castrei nas clínicas, mas no fim a gente acaba pagando um valor altíssimo. Depois dos meus gatos acabarem procriando, tomei conhecimento de alguns programas de castração gratuitos, e só assim consegui castrar todos sem pagar nada. Mas não foi tão rápido, porque a procura, por ser de graça, a procura é maior que a demanda”.