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94% dos Yanomamis têm alto risco de contaminação por mercúrio

Ao todo, foram examinados 287 amostras de várias faixas etárias, incluindo crianças e idosos

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Reprodução/Agência Brasil

As 9 comunidades que vivem o povo Yanomami, localizado em Roraima, têm risco de contaminação por mercúrio, segundo estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os fragmentos divulgadas nesta quarta-feira (4), revela, através de amostra de cabelos colhidos em outubro de 2022, a contaminação do mercúrio ao povo Yanomami. De acordo com os pesquisadores, os estudos mostram uma situação preocupante de saúde do povo indígena.

“Existem metais, como o zinco, o ferro e o selênio, que tem uma importância para o organismo. Eles estão envolvidos no metabolismo do ser humano. O ferro, por exemplo, faz parte da formação da hemoglobina. Mas o mercúrio não desempenha nenhum papel no metabolismo humano. Por isso, ele é considerado um contaminante químico. E a ciência vem desde os anos 1950 acumulando evidências sobre seus efeitos deletérios para a saúde”, explica Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz.

As comunidades que participaram do estudo ficam às margens do Rio Mucajaí, um dos mais impactados pelo garimpo ilegal na Terra dos Yanomami. O território abriga 31 mil indígenas, que vivem em 371 comunidades.

Ao todo, foram examinados 287 amostras de várias faixas etárias, incluindo crianças e idosos. Em 84% das amostras, foram encontrados níveis de mercúrio acima 2,0 microgramas de mercúrio por grama de cabelo. Outros 10,8% das análises, ficaram acima de 6,0. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os níveis de mercúrio não devem ultrapassar 1 micrograma por grama.

Além da detecção do mercúrio presente no cabelo dos indígenas, a pesquisa fez exames clínicos para identificar doenças crônicas não transmissíveis, como transtornos nutricionais, anemias, diabetes e hipertensão.

Ao cruzar os dados, foi observado que, nos indígenas com pressão alta, os níveis de mercúrio acima de 2,0 são mais frequentes do que nos indígenas com pressão arterial normal.

Os pesquisadores fazem recomendações para essa situação alarmante: interrupção imediata do garimpo e do uso do mercúrio; desintrusão de invasores e a construção de unidades de saúde em pontos estratégicos da Terra Yanomami. Outras ações necessárias são: rastreamento das comunidades afetadas; realização de diagnósticos laboratoriais, elaboração de protocolos de tratamento de quadros de intoxicação e criação de um centro de referência para acompanhamento de casos crônicos ou com sequelas reconhecidas.