Influenciador Andre Damião conta como conseguiu atrair grandes marcas: ‘De onde eu vim, a gente não tem poder de escolha’

O influenciador digital André Damião vem ganhando notoriedade na web com seus conteúdos sobre viagens, casa, moda e lifestyle. Com seu estilo autêntico vem atraindo grandes marcas, ente elas, Renner, C&A, GNT, IFood, Nestlé, Bohemia, Natura, Sprit, Chevrolet, Magazine Luiza e outras.

Em entrevista ao podcast “À Deriva”, o influenciador falou sobre como a moda teve um papel crucial na construção de sua identidade e autoestima: “Foi uma oportunidade de ter liberdade de expressão, eu era muito tímido, e a moda foi o primeiro acesso que tive para poder me expressar, a roupa também é uma forma de comunicação, então entendi que através dela eu poderia dizer quem sou sem ter que falar. Foi uma possibilidade que enxerguei de entrar no mercado da comunicação”.

De origem humilde, André cresceu na periferia, no conjunto habitacional da fazenda Botafogo, na Zona Norte do Rio de Janeiro: “Fiz parte de um recorte que teve que lutar e relutar até hoje para manter o padrão de vida de que tem poder aquisitivo, com direito de ir e vir, com poder de escolha. De onde eu vim, a gente não tem poder de escolha. É muito complicada a realidade social da periferia do Rio, uma periferia muito violenta.”

O influenciador fala também sobre a dificuldade de entrar no mercado da moda sendo um jovem negro periférico: “O mercado da comunicação com esse recorte na moda é um mercado muito fechado, muito elitista, então quando você quer se introduzir no mercado, vindo da periferia, jovem negro, não adianta não trazer esses pontos, porque são pontos pejorativos dentro do mercado, as pessoas não têm acesso, as pessoas estão trabalhando por trás, e não à frente, então quando a gente consegue isso na vida temos que fazer duas vezes mais pra estar na linha de frente”.

Para André o segredo do seu sucesso e de atrair grandes marcas foi ter compartilhado a sua verdade, e ter usado sua criatividade e trabalhado com os recursos que tinha disponível na época, sem deixar que suas condições o limitassem: “Fui trazendo e compartilhando uma verdade oculta, e uma verdade existente e vivida pelo olhar de um jovem periférico, fui trazendo meu olhar dentro da moda, mas como eu enxergava de dentro da periferia, enquanto homem negro, e o que eu podia fazer dentro das minhas possibilidades, então isso foi trazendo uma notoriedade das pessoas entenderem que de onde eu saí podem sair mais pessoas (…) eu consegui ser porta voz de inúmeras pessoas que estavam silenciadas, e hoje eu tenho oportunidade de fazer a ponte entre a periferia e as marcas”.