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Campeonato Brasileiro

Fernando Diniz é apresentado oficialmente e garante: ‘Volto muito melhor do que quando parti’

Treinador reconhece resultados ruins na primeira passagem, elogia elenco e espera recuperar Nathan

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Diniz foi apresentado na tarde desta segunda-feira

Foto: Marcelo Gonçalces/Fluminense

O Fluminense apresentou, na tarde desta segunda-feira (02), o técnico Fernando Diniz, que retorna para fazer sua segunda passagem pelo Tricolor. O treinador chega para substituir o técnico Abel Braga, que entregou o cargo na última semana. Ao lado do presidente Mario Bittencourt e do diretor de futebol, Paulo Angioni, o novo profissional revelou a principal meta nesta nova chance pelo time das Laranjeiras.

“Eu pretendo ganhar muito mais do que ganhei em 2019, para ser bem objetivo, e melhorar também o rendimento, mas o principal é ganhar mais partidas” – disse.

“Eu estudei muito, revi muitos jogos que eu fiz, assisti jogos de tudo que é divisão, de tudo que é país. Eu volto muito melhor do que eu parti em 2019” – completou Diniz.

As declarações do treinador se dão por conta da primeira passagem do profissional pelo Fluminense, em 2019. Na ocasião, o clube até fazia boas apresentações, mas, em campo, os resultados custavam a aparecer. Ao todo, foram 44 jogos, 18 vitórias, 11 empates e 15 derrotas entre dezembro de 2018 e agosto de 2019.

Este foi um dos principais motivos que fizeram parte da torcida olhar a chegada de Fernando Diniz com desconfiança. Ele, no entanto, acredita estar muito diferente daquele que passou pelas Laranjeiras há um tempo.

“Foram três anos vivendo trabalhando, aprendendo coisas novas em todos os sentidos, criando diferenciações táticas para os jogadores se sentirem mais confortáveis, buscando porque as coisas não deram certo em um time ou em outro, e eu sou uma das pessoas que mais me questionam sobre o que estão fazendo. É muita oscilação que vem de fora, então as pessoas sempre acham uma coisas vendo o jogo uma vez na televisão. Eu pego um jogo e fico vendo 6, 7 horas para procurar entender” – explicou.

Diniz foi apresentado na tarde desta segunda-feira

Foto: Marcelo Gonçalves

Diniz também elogiou bastante o atual elenco tricolor, o qual contém diversos jogadores que ele indicou quando passou por outras equipes.

“Eu vejo que o Fluminense montou um time que tem bastante a minha cara. Tem pelo menos sete jogadores nesse elenco que eu tentei levar, mas o Fluminense conseguiu contratar os jogadores. Acho um elenco muito bem montado, extremamente qualificado. Vou procurar tirar o melhor de cada jogador e a gente conseguir ter sucesso junto” – declarou.

O novo treinador também relembrou sua passagem em 2019 para comentar sobre o “dom” de recuperar jogadores, se referindo ao meia Nathan, que não conseguiu emplacar na equipe tricolor desde que deixou o Atlético-MG.

“O Nino era um desconhecido, Alan, Caio Henrique, Yoni González, João Pedro, Marcos Paulo, Miguel… foi um celeiro de preparar jogadores que, praticamente ninguém, conheciam, para estourarem no cenário nacional. Teve muito resultado também naquele time, a campanha do Campeonato Brasileiro, em termos de números, não foi boa, mas teve muita coisa positiva naquele momento também” – lembrou.

“O Nathan é um jogador extremamente talentoso, que se encaixa perfeitamente no modelo do que eu penso de futebol. Vou fazer de tudo para poder ajudá-lo, para que ele atenda às expectativas que foram criadas com chegada dele aqui. É um jogador que tem um potencial enorme. Em 2019 a marca negativa daquele trabalho foi a campanha no Brasileiro, e não podemos ter uma campanha como aquela. Por mais que joguemos bem, temos que pontuar bem também. Mas, tirando isso, aquele foi um momento muito especial para o Fluminense” – completou.

Outros pontos da coletiva de Fernando Diniz:

Paulo Henrique Ganso:

“Eu tenho uma relação muito próxima com o Ganso. Eu tentei levar ele para o Santos, mas ainda bem que não deu certo. Quando eu falo do Ganso e não está vivendo um bom momento, não está jogando, soa estranho para quem está ouvindo. A minha opinião sobre ele nunca oscilou, e o Ganso para mim é um gênio. É um cara que faz coisas, e eu joguei e treinei muita gente talentosa. Ele faz coisas que ninguém faz”.

“É um gênio criativo que, por alguns motivos, não conseguiu ter a carreira que o talento dele merecia. A gente teve aquele contato na primeira passagem, eu que me meti para ele vir naquele primeiro momento, foi uma coisa que construí com o Fluminense. Acredito nele como jogador, como pessoa, e fico feliz que o Abel tenha conseguido junto da equipe ter colocado o Ganso para jogar antes de eu chegar. Ele é genial mesmo e eu fico muito feliz pelo momento que ele está vivendo”.

Rendimento x Resultado

“Eu acho que a gente discute uma coisa que, na minha opinião, cria-se uma rivalidade totalmente sem fundamento que é rendimento x resultado. O rendimento é uma coisa que te aproxima de ganhar. Quem tem mais rendimento, vai ter mais chances de ganhar. Não quer dizer que vai ganhar, mas ter mais rendimento te aproxima das vitórias. É muito difícil você pegar um time com pouco rendimento que vai ser campeão. Quando uma pessoa tem um rendimento bom e não ganha as partidas, a gente questiona como se render bem fosse uma coisa ruim”.

Relação com os jogadores

“Falei uma vez só sobre esse episódio do Tchê Tchê, e a minha relação com o jogador é muito mais do que aquilo que aparece. A minha vinda para cá tem uma participação dos jogadores, daqueles que jogaram comigo e daqueles que jogaram contra mim. O que eu faço com o jogador é uma relação amorosa que só quem fecha com o amor entende. A principal missão da minha vida é ajudar o jogador de futebol a ter uma vida digna por meio do futebol. Eu tenho uma preocupação com os jogadores que quase ninguém tem, uma preocupação de pai para filho”.

“Aquilo com o Tchê Tchê é uma situação que faço com meus filhos, então essa é a melhor coisa que posso fazer. Não acho que fiz certo, mas a gente erra com filho também. Tudo que eu faço é para que os jogadores tenham uma vida digna jogando e principalmente quando eles vão parar. Eu não quero que os jogadores voltem para a favela, para as periferias de onde eles vieram. Quero que eles tenham uma vida como eu tenho, com filho estudando. Quando a gente vai fazer um julgamento, é muito fácil. A minha história com o Tchê Tchê é muito mais bonita do que aquilo. Eu tenho muita alegria de ser como eu sou”.

Sistema defensivo:

“Vamos fazer o possível para que a equipe fique cada vez melhor nas transições defensivas, cada vez mais coesa. Aproveitar pra agradecer ao Abel, por tudo que ele construiu, junto com a equipe, conquistou um título recentemente importante para o clube e para a torcida, e agradecer a história que ele construiu aqui”.

“A minha abordagem com os jogadores, eu vou fazer o que faço sempre, tanto com os mais experientes, quanto com os mais novos, vou implementar as minhas ideias de futebol. A prioridade do meu trabalho é fazer um trabalho direcionado para os jogadores, fazer com que eles se sintam bem, confiantes e a gente vai estruturando a equipe para que isso aconteça. Se temos um jogador confiante, com coragem para jogar, a tendência é que tenhamos um time cada vez mais competitivo para ganhar os jogos”.

Primeiro desafio no jogo de quarta

“A base daquilo que eu pretendo fazer é que os jogadores se inspirem a darem o melhor. A entregar tudo o que eles tiverem de todo coração, para que possamos conseguir um resultado positivo na quarta feira, que a gente sabe que é vital para o seguimento na Sul-Americana”.

Momento de pressão que vive o Fluminense

“Quem está no ambiente do futebol vive pressão o tempo todo. O que diminui a pressão é ganhar, então precisamos ganhar e para isso precisamos ter um foco muito grande para isso, não adianta olhar para fora e não poder fazer dentro. Precisamos saber o que estamos fazendo aqui dentro, ter convicção e seguir. E o torcedor está lá para aplaudir ou vaiar. Eu nunca reclamei de vaias da torcida, ela está lá para isso, e nós temos que prestar um serviço de qualidade e entregar vitórias. Esse é o compromisso que temos que ter”.

“A qualidade do trabalho e o bom rendimento do time, aumentam a chance de ganhar. Não existem garantias, nem no futebol, nem na vida, você pode cuidar da sua saúde, ser magro, tomar um vinhozinho, comer carne branca e ter um ataque cardíaco, essas coisas acontecem. Futebol também é assim, não é diferente da vida nesse sentido, até imita. Mas temos que tentar fazer as coisas de forma coerente e o que é melhor pro clube sempre. E vamos fazer o melhor para que o Fluminense consiga colher bons frutos esse ano”.

Priorizar competições

“Eu gosto muito do elenco que o Fluminense montou. E nunca tive ideia de priorizar competição. Se temos chance, temos que tentar ganhar todas as competições que a gente disputar. Obviamente, vamos conversar com os departamentos, com os jogadores, para escalar sempre o melhor time para o Fluminense ter a melhor chance de ganhar os jogos”.

Relação com a torcida

“Ainda bem que subiu (a régua de avaliação da torcida). A gente tem chances de brigar em qualquer competição com esse elenco. O elenco que tínhamos, era muito bom, é só você ver onde estão os jogadores, Alan, Caio Henrique, João Pedro, mas o momento era muito diferente. Para quem viveu aquela época sabe que as coisas eram muito difíceis, hoje está tudo mais ajustado, e quero contribuir muito para que as coisas prosperem. Eu vou trabalhar mais ainda para que as coisas aconteçam”.

“Esse fenômeno, da torcida do Fluminense, é uma das coisas que mais me encantam, desde que eu comecei no futebol. Porque, mesmo sem resultado, eu me sentia visto pelo torcedor. E não foi um, dois, muita gente conseguia meu número e mandava mensagem. Obviamente tinha uma parte da torcida que estava descontente com a campanha, eles também estavam certos, mas tinha uma outra parte, muito grande, tinha uma crença de que aquilo tinha que prosseguir, pois iria prosperar. Eu não me lembro disso ter acontecido em outros lugares, com ninguém, mas aqui a torcida conseguia enxergar que iria sair algo muito positivo. E esse fenômeno, da minha relação com a torcida, aproximou muito esse retorno. Eu estou muito feliz de estar aqui”.

Blindagem de jogadores novos

“É olhar internamente e fazer o melhor que a gente pode. A gente não tem controle do que está fora. Tem que procurar fazer o melhor que a gente puder aqui nos nossos treinamentos, nas nossas conversas. O que a gente percebe é que é um grupo bastante solidário que quer muito levar o Fluminense para frente. Eu chego para otimizar todas essas coisas. Isso faz parte do meu trabalho da vida inteira de poder fortalecer esse ambiente interno para que os jogadores se sintam bem, sintam confiança, passem a jogar melhor e ter resultado dentro de campo”.