Ciência e Saúde
Ex-pacientes da covid-19 relatam sequelas da doença
Especialista diz que é preciso investigar sintomasA covid-19 foi uma grande surpresa para a comunidade científica. O primeiro caso da doença no Brasil foi registrado no dia 25 de fevereiro de 2020, e a primeira morte em 17 de março do mesmo ano. Diante do caos causado pelo número crescente de mortes relacionadas ao coronavírus, as pessoas começaram a ver a vida de uma forma diferente, principalmente aquelas que passaram pelo medo de perder a vida e que tiveram sequelas devido à doença. Todos os dias, os profissionais da saúde tiveram que aprender a lidar com o desenvolvimento da doença, a tratar do paciente, e logo depois começaram a ser observadas as sequelas.
Segundo a médica geriatra Roberta França, que atua diretamente no combate à pandemia, os pacientes começaram a relatar uma forte queda de cabelo após se recuperarem do coronavírus. “O que começou a ser relatado foi uma grande queda de cabelo e uma fadiga crônica que perdurava por semanas, principalmente os que ficaram doentes durante semanas. Com o surgimento das novas variantes, outras sequelas foram detectadas, como desenvolvimento de doenças cardíacas, hipertensão, problemas renais, problemas respiratórios crônicos, e depois os déficits cognitivos, dificuldades de memória, concentração, foco, e muitos quadros de síndrome do pânico e depressão, principalmente os pacientes que foram intubados e sobreviveram. O medo de se infectar de novo e sofrer tudo novamente ficou muito forte”, informa.
Com os números de casos e mortes diminuindo, Roberta diz que é muito importante que os profissionais de saúde saibam se o paciente teve covid e algum momento da pandemia. “Se a pessoa já teve, verifique em qual período, se está vacinada, e faça um check up pós-covid, principalmente caso o paciente fale de sequelas. O paciente também não pode minimizar esses sintomas. Persistindo os sintomas, ele deve procurar um profissional, principalmente se tem comorbidades e doenças pré-existentes”, diz.
Roberta também enfatiza que a questão neuropsiquiátrica também precisa ter atenção. “Os antigos já diziam que quando a cabeça vai mal, o corpo padece, e isso é a mais absoluta verdade. Precisamos cuidar da saúde mental e achar que ela é tão importante quanto a saúde do corpo. Cada vez mais estudos vêm mostrando essas sequelas da covid e ainda não se sabe por quanto tempo elas podem perdurar. É importante que os pacientes falem com seus respectivos médicos para que eles possam ajudar da melhor forma possível”, alerta.