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Morte de Henry Borel completa um ano

Mãe, Monique Medeiros e ex-vereador Jairinho respondem por torturas e homicídio do menino, durante a madrugada de 8 de março de 2021

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Menino Henry Borel, morto após ter sido torturado pelo padrasto
Henry Borel (Foto: Reprodução)
Menino Henry Borel, morto após ter sido torturado pelo padrasto

Henry Borel (Foto: Reprodução)

Terça-feira, dia 8 de março de 2022, um ano da morte de Henry Borel, caso que ganhou repercussão nacional. O menino, de 4 anos, morreu no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. Henry foi levado para lá pela mãe, Monique Medeiros e pelo padrasto, Dr. Jaririnho.  Eles alegaram tê-lo encontrado desmaiado no quarto onde dormia.

Inicialmente, o caso foi tratado como um acidente, como se o menino tivesse caído da cama, mas através das perícias médicas foi constatado que Henry havia sido vítima de agressões. No Instituto Médico Legal (IML), múltiplos sinais de trauma, como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado foram detectados pela necropsia. A suspeita é de que Henry tenha morrido depois de ser torturado por Dr. Jairinho, que nega.

Em entrevista ao portal G1, o pai de Henry, Lionel Borel admitiu que após a morte do filho, pensou em tirar a própria vida, mas a vontade de ter justiça e ver Monique e Jairinho condenados o faz querer ficar vivo. “Já pensei em suicídio. A vida não tem mais graça e sinto muita falta do meu filho. Mas graças a Deus, Ele tem colocado as pessoas certas na minha vida, minha luta por justiça me motiva todos os dias”, disse Leniel.

Após um ano da morte do filho, Leniel falou sobre esse período tão conturbado e sua vontade de lutar. “Todo dia lutando com uma novidade, com fato de, do outro lado ter uma mãe que não foi mãe, que tenta omitir o que houve naquela noite. De descobrir o Jairo, um psicopata brasileiro, e lutando para que a justiça seja feita pelo meu filho. É um ano de muita saudade, mas sei que tenho que levantar da cama todo dia para lutar por justiça por ele.”

O pai do menino Henry diz ter tido uma sensação estranha ao chegar no Hospital Barra D’or. “Desde o momento que eu chego ao hospital e vejo os médicos tentando ressuscitar o meu filho, e eu faço perguntas para o Jairo e a Monique, e vejo que tudo aquilo estava muito estranho. Ali me acendeu uma luz amarela. É muito difícil para mim até hoje saber que entreguei o meu filho bem no dia 7 de março de 2021, e depois, às 4h30, ver meu filho morto, com os médicos tentando ressuscitá-lo. Pergunto o que houve, e elas falam: ‘Pai, seu filho já chegou aqui morto’. No IML, pergunto para um policial o que significava o laudo do Henry, e a referência que ele me dá é que não era natural, que era como se tivessem jogado o Henry do terceiro andar.”

Leniel diz ter sido o primeiro investigado e que a polícia só começou a investigar a Monique e Jairinho, 10 dias depois. “Naquela confusão toda, eu fui o primeiro ser investigado. Dói demais. Ainda mais vindo de pessoas que não participaram da minha vida. Elas pressupõem algo julgando um pai que está pedindo justiça. Ao longo do caminho, encontrei outras vítimas de violência, e percebi que é cíclico, e elas também sofreram a mesma coisa. Falo com a Ana Carolina (mãe da Isabella Nardoni) e foi a mesma coisa. Ela também foi criticada como mãe. Mas minha luta por Justiça transcende qualquer coisa. Nada vai me desmotivar. Sei o pai que eu fui e o pai que eu sou.”

O fim de semana da morte de Henry teria sido perfeito se não houvesse um fim trágico. Shopping, festa, piscina, brincadeira resumiu o dia anterior a sua morte. Leniel foi a um aniversario com o menino e afirma que as pessoas viram como Henry estava bem. “Perfeitamente bem. No aniversário, meus amigos até caçoavam de mim porque eu não tirava o olho do Henry. Dava colo, pegava brigadeiro. Todo mundo viu o Henry bem. No domingo, fomos almoçar em um restaurante que ele gostava, que tinha arroz, feijão e purê — que era a comida preferida dele. Depois, fomos a um shopping, brincamos por mais de duas horas. Voltamos para a casa umas cinco da tarde, a Monique mandando mensagem direto para saber que horas eu iria devolver o Henry. Vim para casa, arrumei as coisinhas dele, e uma amiga minha foi comigo levar o Henry. Ela viu a reação dele sem querer voltar para casa da mãe, vomitando. Comentei com ela, e ela falou que com os filhos dela eram assim, se escondiam para não ir com o pai. Isso me deu uma acalmada. Hoje sei que o Henry já estava sendo agredido naquele apartamento por aqueles dois.”

Questionado sobre algum arrependimento, o pai de Henry afirma que se arrepende de não ter sumido com o filho. “Monique começou a fazer alienação parental comigo, me afastar das atividades do meu filho. Ela chegou a dizer que eu não veria mais meu filho, só com advogados. Chegou a ligar para o Jairo na minha frente, dizendo que estava comigo na frente dela. E falei que não tinha nada para falar com ele, só com ela. Chegou ao ponto do Henry me perguntar se o papai tinha ficado pobrinho. Eles tentavam me inferiorizar, se ofereciam para pagar coisas para mim. Estavam tentando mostrar para o meu filho que era muito melhor lá com eles do que comigo.”

Apontados como os responsáveis pelo crime, Monique Medeiros e Jairinho estão presos desde 08 de abril de 2021 e foram denunciados pelo Ministério Público pela prática de homicídio qualificado por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, os dois respondem pelos crimes de tortura, coação de testemunha, fraude processual e falsidade ideológica.