Brasil
Pesquisa aponta que 54% das mulheres perceberam aumento da violência de gênero
Em seu livro, a roteirista carioca, Alessandra De Blasi, evidencia os dados apontados nas pesquisasÀs vésperas do Dia Internacional da Mulher (8), um estudo publicado, no último dia 2 na revista The Lancet, apontou que, na pandemia, mulheres foram mais afetadas do que os homens em pelo menos quatro aspectos: desemprego, trabalho não remunerado, educação e violência de gênero. A roteirista carioca Alessandra De Blasi é uma das personagens que evidencia os dados apontados pela pesquisa. Em seu primeiro livro – Antologia da desilusão -, lançado em fevereiro, ela revela como a violência psicológica pode destruir a vida de uma pessoa, já que ela mesma conseguiu sair de uma relação nesse perfil há alguns anos.
Segundo dados do estudo, 54% das mulheres e 44% dos homens relataram achar que a violência de gênero aumentou em sua comunidade. Esse tipo de agressão se revela não apenas como física, mas também psicológica, sexual ou simbólica. No romance fragmentado, a autora aborda justamente a prisão psicológica vivida por mulheres em seus relacionamentos amorosos. Uma história ainda atual no país, já que dados da pesquisa publicada revelam que as taxas relacionadas à percepção da violência contra elas são mais altas na América Latina e no Caribe (62%).
É diante desse cenário que o livro “Antologia da desilusão” tem como objetivo levar reflexão às pessoas, tanto aquelas que vivem situações semelhantes como aquelas que presenciam, mas não conseguem perceber esses pequenos sinais. “A história narra experiências próprias e situações que presenciei na vida. Um jogo psicológico que começa disfarçado de afeto, com uma brincadeira invalidando a sua opinião, depois a sua história, até que, aos poucos, afastam essas mulheres do convívio social e, por fim, delas mesmas. Uma violência emocional, que não necessariamente se reflete em uma agressão física, mas que fere profundamente o psicológico dessas jovens”, explica Alessandra De Blasi.
Segundo a autora, a inspiração para o livro veio a partir de histórias que viveu em relacionamentos passados e de experiências narradas por amigas nos últimos anos. São situações tão comuns na vida de milhares de mulheres que, por vezes, não são percebidas nem por elas. “Fica só uma sensação de que a sua vida e suas opiniões são nulas. Você perde o poder de dizer ‘não’, se esse ‘não’ é desrespeitado com frequência”, diz a autora.