Brasil
Frente Parlamentar Mista do Biodiesel insiste para que CNPE revogue decisão e estenda leilões bimestrais
Na visão da FPBio, está em risco toda uma política de Estado voltada à descarbonização, ao fortalecimento do pequeno produtor rural e à melhoria da saúde das pessoas por meio da redução das emissõesA Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) manifesta sua perplexidade diante da decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que, nesta quarta-feira (20), confirmou entrada em vigor do sistema de comercialização direta de biodiesel entre produtores e empresas distribuidoras já a partir de janeiro. Este é mais um fator preponderante para gerar ainda mais instabilidade no mercado e na cadeia produtiva do biodiesel, com reflexos negativos na manutenção do parque industrial e na atração de novos investimentos.
Com ociosidade nas usinas de biodiesel na casa dos 50%, as demissões já se constituem em uma realidade no setor, se configurando em um grave problema de ordem social, uma vez que mais de 70.000 agricultores familiares compõem o sistema produtivo, além de cooperativas e empresas.
Na visão da FPBio, está em risco toda uma política de Estado voltada à descarbonização, ao fortalecimento do pequeno produtor rural e à melhoria da saúde das pessoas por meio da redução das emissões.
Impacto do ICMS
Com o novo sistema de venda direta, em substituição aos leilões públicos bimestrais, os produtores terão que arcar com um pesado encargo, a incidência do ICMS nas operações de comercialização. Não poderão usufruir os créditos tributários e, portanto, entendem que terão que compensar esta nova situação nos preços do biodiesel. Outro risco é haver desabastecimento, pela falta de condições de se chegar a um preço compatível com os custos totais de produção.
Diante da situação que se desenha, a FPBio expressa seu posicionamento de que o CNPE deve rever sua decisão e estender os leilões públicos por mais tempo, até que a questão do ICMS – entre outras – seja equacionada nas tratativas entre governo federal e Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ). Busca-se uma solução urgente como a adoção de um sistema tributário neutro, que permita a compensação do pagamento do ICMS pelas indústrias, que ficariam com o crédito do tributo recolhido sobre as vendas do biodiesel.
A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel entende que os produtores e demais integrantes da cadeia produtiva já foram submetidos a condições adversas e à sua “cota de sacrifícios”, com vistas a contribuir para a estabilidade dos preços dos combustíveis e para a implantação de um novo desenho desse mercado, como estabelece o governo federal. Agora se faz o momento de buscar atender às meritórias reivindicações do setor, sem abertura para comprometer o cumprimento das políticas de Estado que beneficiam a sociedade como um todo.
A produção do biodiesel em larga e em crescente escala deve ser retomada no país. No entanto, decisões como esta do CNPE agem para a limitação do mercado de biodiesel produzido no país e proporcionam abertura para se aumentar a importação do diesel S 500, que lança na atmosfera 500 partes por milhão de enxofre; de baixa qualidade e, portanto, expõe os cidadãos a mais emissões de poluentes.
A FPBio está organizando várias agendas para colocar esta questão em debate público, crucial para o futuro da indústria do biodiesel do Brasil.