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Cringe: Psicóloga analisa confronto geracional entre ‘Milennials’ e ‘geração Z’

Especialista Maria Rafart traçou o perfil da juventude atual para ajudar a entender o surgimento do termo

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Cringe: Psicóloga analisa confronto geracional entre 'Milennials' e 'geração Z' (Divulgação)

Psicóloga Maria Rafart analisa confronto geracional entre ‘Milennials’ e ‘geração Z’ (Divulgação)

A palavra ‘cringe’ tomou conta das redes sociais recentemente. O significado do termo, que vem sendo muito utilizado pela geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) para definir posturas ‘cafonas’ dos milennials (nascidos entre 1980 e 1994), foi muito pesquisado no google nas últimas semanas.

Há quem diga que atitudes ‘cringe’ estão associadas ao fato de gostar de café, Sandy & Junior, Harry Potter e Friends, tomar cerveja “litrão”, ir para a Disney, pagar boletos, usar emojis, entre outros. A psicóloga Maria Rafart traçou o perfil da juventude atual para ajudar a entender o surgimento do termo ‘cinge’.

“Os jovens de hoje gostam do luxo. São mal comportados, desprezam a autoridade. Não têm respeito pelos mais velhos, passam o tempo a falar em vez de trabalhar. Não se levantam quando um adulto chega. Contradizem os pais, apresentam-se em sociedade com enfeites estranhos. Apressam-se a ir para a mesa e comem os acepipes, cruzam as pernas e tiranizam os seus mestres. Estas frases, que poderiam se referir a qualquer situação atual, são atribuídas ao grego Sócrates, o filósofo que viveu 400 anos antes de Cristo… Os conflitos geracionais já acontecem há muito tempo, portanto”, analisa.

A psicóloga ainda explica a batalha entre milennials e geração Z, na qual a geração anterior defende com unhas e dentes os hábitos adquiridos na adolescência, mesmo que para os jovens de hoje seja considerado ‘cinge’. “A adolescência é um período desafiador e de grandes descobertas. O jovem questiona o ambiente de onde veio, coloca muitas dúvidas em suas certezas anteriores, e tem energia de sobra para tentar mudar o que está ao seu redor. A expressão “no meu tempo” é uma espécie de lugar seguro para o nosso ego. É um lugar onde já fomos jovens, nosso corpo respondia bem a qualquer estímulo e a vida parecia ser bem melhor. É bastante lógico, portanto, defendermos com unhas e dentes os tempos em que achamos que tudo estava “muito melhor”. É uma autoafirmação de que aquilo que vivemos ainda vale à pena”.

“A brincadeira do “cringe” em a ver com confronto geracional. Confrontar não é necessariamente brigar, mas é defender o seu ponto de vista e achar que é melhor do que o outro. Isso acontece desde sempre. O “cringe” de hoje é o cafona, o out, o demodê, e o jacu de antigamente. Mesmo que os gladiadores desta luta “cringe” sejam os millenials e a geração Z, isso também dá o que pensar aos mais velhos. Para uma nascida nos anos 1960, como eu (em dezembro de 1963, para ser exata), muitas imagens chegam à cabeça: a mãe enrolando o cabelo com bobbies, a família assistindo a chegada do homem na lua com a primeira TV da família, ou a pintura a guache da bandeira que estragou a lataria do carro do vizinho para comemorar o Brasil campeão na copa de 1970. A gente também teve nossos momentos cringe”, avalia a especialista.