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Coronavírus

Fiocruz diz que casos de covid-19 cresceram mais de 500 % entre os jovens

Diante desse novo cenário, especialistas defendem adoção de dois grupos de medidas interconectados

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(Divulgação: Agência Brasil)

(Divulgação: Agência Brasil)

O Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19, divulgado nesta sexta-feira (26), aponta que o país se encontra em uma situação de colapso do sistema de saúde, ao mesmo tempo que a pandemia vem ganhando novos contornos afetando faixas etárias mais jovens: 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos. Ao analisar essas faixas etárias, da Semana Epidemiológica 1 de 2021 até a 10 (7 a 13/3), os pesquisadores observaram um aumento de casos de, respectivamente, 565,08%, 626% e 525,93% – o que sugere um deslocamento da pandemia para os mais jovens.

Diante desse novo cenário, os especialistas defendem a adoção de dois grupos de medidas interconectados.

No primeiro grupo, as medidas urgentes, que envolvem a contenção das taxas de transmissão e crescimento de casos através de medidas de bloqueio ou lockdown (pé no freio), acompanhadas de respostas na ampliação da oferta de leitos com qualidade e segurança, bem como prevenção do desabastecimento de medicamentos e insumos.

 

No segundo grupo, as medidas de mitigação, com o objetivo reduzir a velocidade da propagação (redução da velocidade). Estas medidas deverão ser combinadas em diferentes momentos e a depender da evolução da pandemia no país até que  se tenha 70% da população vacinada.

 

A nova edição alerta que, desde o início da pandemia os estudos científicos apontaram  a necessidade de vacinação da maior parte da população, em combinação com a adoção de medidas não-farmacológicas prolongadas, envolvendo distanciamento físico e social, uso de máscaras e higienização das mãos, com ações intermitentes de bloqueio (lockdown) com restrição da circulação e de todos os serviços não-essenciais quando as capacidades de cuidados intensivos fossem excedidas.

“O ritmo lento em que se encontra a vacinação contribuí para prolongar a duração da pandemia e da adoção intermitente de medidas de contenção e mitigação”, ressaltam os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim.

 

Rejuvenescimento da pandemia

O Boletim destaca que a pandemia ganhou novo contorno no Brasil, encontra-se rejuvenescida. O estudo mostra que houve um aumento importante de casos de Covid-19 nas faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos, conforme atestam dados mais recentes do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) sobre as Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRGA) no Brasil, observados nos primeiros meses de 2021. Como consequência, a concentração de casos nas idades mais avançadas tem reduzido, se deslocando para idades mais jovens.

 

Os pesquisadores ressaltam que, desde o início da segunda onda, na Semana Epidemiológica 46, que compreende o período de 8 a 14 de novembro de 2020, tem se observado um aumento de procura de pacientes jovens sintomáticos nos serviços de saúde. Este aumento foi maior que o verificado nas demais faixas etárias. A investigação chama atenção para o deslocamento da incidência para faixas mais jovens e a manutenção da mortalidade concentrada em faixas mais velhas. Esta mudança ainda é inicial e contribui para o cenário crítico da ocupação dos leitos hospitalares. Por se tratar de população com menos comorbidades – e, portanto, com evolução mais lenta dos casos graves e fatais, demanda frequentemente uma permanência por maior tempo em internação em terapia intensiva.

 

Segundo o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), o Brasil registrou nesta sexta-feira (26), novos 84.245 casos confirmados e 3.650 mortes pela Covid-19. Dessa forma, o Brasil quebrou o recorde diário de mortes em um único boletim diário, quebrando a marca anterior que pertencia ao dia 23 de março, quando 2.352 óbitos foram registrados.

Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em fevereiro de 2020, 12.404.414 pessoas foram contaminadas pelo vírus e outras 307.112 vieram em óbito após contrair a doença. Atualmente o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial de mortes pela doença, com os norte-americanos registrando 547 mil óbitos pela doença. A taxa de letalidade segue na casa dos 2,5%, enquanto a incidência da doença para cada 100 mil habitantes subiu para 5.902,7.