Flamengo
“O ‘cala boca negro’ é justamente o que não vai acontecer”, posta Gerson após racismo sofrido no jogo contra o Bahia
Jogador do Flamengo afirmou que recebeu ofensas raciais durante a partida e repudiou o ato pelas redes sociaisO meia Gerson, do Flamengo, afirmou que sofreu racismo durante a vitória do rubro-negro por 4 a 3 em cima do Bahia, neste domingo (20/12), pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. De acordo com o atleta, o jogador Ramírez disse a frase “Cala boca, negro” após o segundo gol do tricolor. O camisa 8 reagiu, foi afastado pelos companheiros e, após a partida, relatou o ocorrido em entrevista. Já nas redes sociais, o “Coringa” repudiou o ato e afirmou que não vai se calar.
“Amo minha raça e luto pela cor. O ‘cala boca, negro’ é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol – o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o ‘cala a boca, negro’. E eles não conseguiram. Não será agora”.
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Além disso, Gerson criticou o técnico Mano Menezes por não respeitar o ocorrido, pois, segundo o jogador, o treinador disse “agora você é vítima, não é?”. Nas redes sociais, o atleta não citou nomes, mas destacou que é preciso ser antirracista e que é “triste” ver pessoas minimizarem o ocorrido.
“‘Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’. Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o ‘cala a boca, negro’ podem ser aceitas. É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime”.
Gerson ainda ressaltou que racismo é crime e que o ato deve ser tratado da mesma forma em todos os ambientes, inclusive dentro dos campos de futebol.
Confira o texto completo“‘Amo minha raça e luto pela cor.’
O ‘cala boca, negro’ é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol – o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o ‘cala a boca, negro’. E eles não conseguiram. Não será agora.
‘Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’. Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o ‘cala a boca, negro’ podem ser aceitas.
É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime.
Não vou ‘calar a minha boca’. A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades.
Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol.
Não me calaram na vida, não me calaram em campo e jamais vão diminuir a nossa cor.