Coronavírus
Fiocruz alerta para colapso em hospitais por conta do aumento de casos da Covid-19
“Nos próximos meses, a busca por assistência especializada pode aumentar simultaneamente, nas regiões metropolitanas e no interior, provocando novo colapso do sistema de saúde”Uma Nota Técnica da Fiocruz desenvolvida por uma equipe que monitora a Covid-19, alerta que durante as comemorações do fim de ano e a maior movimentação de pessoas sem cuidados adequados e sem manutenção do isolamento social, pode agravar e causar um colapso de atendimento nos hospitais, até as próximas semanas, se somados a desmobilização de leitos extras, ocupação de vagas em unidades hospitalares por outros problemas de saúde, baixa testagem e falta de distanciamento social.
Segundo o estudo, até o final de maio, cerca de 67% das mortes por Covid-19 no Brasil foram registradas nas regiões metropolitanas. No final de outubro, os casos passaram a ser registrados em maior número, em cidades do interior.
“No início da epidemia no Brasil, tivemos uma demanda grande nas regiões metropolitanas, e só depois veio a interiorização, num momento em que a incidência da Covid-19 já apresentava sinais de estabilidade nas cidades maiores. Agora, a Covid-19 está fortemente presente tanto nas regiões metropolitanas quanto nas cidades do Interior. E a epidemia está sincronizada, não começa mais nas metrópoles para depois ir para o Interior. Um novo aumento dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender a pacientes vindos do Interior. Na maioria dos lugares a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender à demanda”, alerta Diego Xavier, epidemiologista do Icict/Fiocruz e um dos autores do estudo.
Em nível nacional, 36% morreram de Covid-19 fora das UTIs no Interior, contra 31% nas RMs. Há também os registros sem informação sobre o local da morte (9% no Interior e 13% nas regiões metropolitanas), que podem elevar esses números.
Os estados que registraram maiores índices de mortes no Interior fora da UTI são Amapá (82%), Roraima (73%), Amazonas (66%), Pará (59%), Sergipe (58%), Tocantins (50%), Acre (46%) e Ceará (45%). Já nas regiões metropolitanas, os estados que tiveram mais óbitos fora da UTI foram Roraima (63%), Sergipe (53%), Amazonas (47%), Rio Grande do Norte 42%), Minas Gerais (38%), São Paulo (36%), Distrito Federal (35%) e Ceará (38%).
A Nota Técnica faz um alerta:
“Nos próximos meses, a busca por assistência especializada pode aumentar simultaneamente, nas regiões metropolitanas e no interior, provocando novo colapso do sistema de saúde”.