‘Fez da morte um protesto, um ato político’, afirma filho de Flávio Migliaccio

Um mês após o falecimento do pai, Marcelo Migliaccio falou, pela primeira vez, acerca da perda
(Foto: Reprodução/Facebook)

Em entrevista a revista Veja Rio, o jornalista Marcelo Migliaccio se pronunciou pela primeira vez acerca da morte do pai, o ator Flávio Migliaccio. Para publicação, Marcelo contou que chegou a levar Flávio para se consultar com psiquiatras e psicólogos, devido ao abatimento dele com a situação vivida no Brasil e no mundo.

“Numa de nossas últimas conversas, eu tentava, mais uma vez em vão, motivar aquele homem cansado, desiludido com a avalanche fascista que toma conta do planeta. ‘O mundo está um lixo’, ele me disse”, relembra o jornalista. “Dias depois, ou antes, não me lembro, ele me deu outra razão para justificar seu desejo de sair definitivamente de cena: ‘Já não escuto direito, minha vista está falhando, a memória também. Daqui para frente só vai piorar. Já vivi demais. Oitenta e cinco anos. Chega'”, complementa o filho.

Sobre o dia da morte do pai, Marcelo Migliaccio recorda que ficou preocupado com o sumiço repentino dele. Só depois de algum tempo é que o jornalista descobriu que Flávio havia ido até o sítio. “Última página de um roteiro cujo final nem eu, nem minha mãe, de 84 anos, pudemos modificar”.

Um mês depois da perda, Marcelo declarou para revista que entende e respeita a atitude tomada pelo pai. “A maioria das pessoas, como eu, respeitou a decisão dele. Houve até quem confessasse invejar sua coragem. Descendente de italianos e fã do cinema neorrealista, Flávio fez de sua morte um protesto, um ato político. Dramático, preferiu a corda no pescoço ao coquetel de pílulas”.