'É preciso que todos se manifestem, para mostrar que queremos manter a liberdade e a democracia', afirma FHC - Super Rádio Tupi
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Política

‘É preciso que todos se manifestem, para mostrar que queremos manter a liberdade e a democracia’, afirma FHC

Em entrevista para o programa Cidinha Livre, o ex-presidente não poupou críticas ao governo Bolsonaro e a condução do combate à pandemia do novo coronavírus

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Em entrevista para o programa Cidinha Livre, o ex-presidente não poupou críticas ao governo Bolsonaro e a condução do combate à pandemia do novo coronavírus (Foto/Arte: Super Rádio Tupi)

Em entrevista para o programa Cidinha Livre, o ex-presidente não poupou críticas ao governo Bolsonaro e a condução do combate à pandemia do novo coronavírus
(Foto/Arte: Super Rádio Tupi)

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) concedeu uma entrevista exclusiva, na tarde desta quinta-feira, para o programa “Cidinha Livre”, da Super Rádio Tupi. Durante o bate-papo com a comunicadora, FHC voltou a criticar a postura do atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (Sem Partido), na condução da pandemia do novo coronavírus.

“Qual é a defesa que nós que temos contra o coronavírus hoje? É o distanciamento social. Esse é o melhor? Não, o melhor é ter vacina, termos um remédio especifico, mas nós não dispomos. Vamos dispor disso em breve, é questão de tempo. Então tem que haver distanciamento social”, iniciou FHC. “O presidente frequentemente dá demonstração do oposto. Ele vai falar com as pessoas sem usar máscara, não sei o quê… O poder simbólico de quem é presidente da República é muito grande. Quer ele queira ou não, os outros vão segui-lo, uma parte pelo menos. No caso do coronavírus, é preciso ter prudência, ninguém sabe de ciência certa o que fazer. Enquanto não se sabe do ponto de vista médico, vamos no mínimo evitar contágio”, completou o sociólogo.

Para o ex-presidente, as atitudes tomadas pelo governo Bolsonaro acentuam as dificuldades no combate a pandemia da Coovid-19 no país. “O coronavírus veio de avião, veio da Europa, de gente que tinha algum dinheiro. Agora chegou na pobreza, a matança vai ser maior. A desigualdade é muito grande no Brasil. Então, as coisas vem juntas, a gente tem que tomar consciência de quais são as causas, não só do porque de estar tão espalhado, como agora dá uma sensação de falta de ordem. Por que alguns países conseguem sair mais depressa do que outros? Porque são mais organizados. Precisamos nos organizar melhor”, avaliou.

Outro tópico debatido na entrevista é a massiva presença de nomes ligados ao Exército, em altos postos do governo federal. Dentre eles, a chefia do Ministério da Saúde, comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello. “Quando os governos são frágeis, eles procuram apoios. O presidente Bolsonaro vem do grupo militar. A presença de muitos militares no governo me parece que é muito mais da falta de apoio em outros setores, do que um a demonstração de força, como alguns eventualmente vão interpretar”, opinou.

Quanto a recentes manifestações contra Jair Bolsonaro, o ex-presidente se mostrou favorável e ainda declarou seu apoio. “Eu acho que é preciso que a gente se manifeste. É preciso aproveitar a liberdade que a democracia garante, usar a liberdade. Senão, parece que as minorias passam a gritar muito e dá uma impressão de o que elas querem é o que a maioria deseja. Não, é preciso que todos se manifestem, para mostrar que nós queremos manter a liberdade, a democracia… E claro, temos que tomar cuidado com o coronavírus”.

Ao ser questionado por Cidinha Campos sobre uma declaração que deu em abril nas redes sociais, pedindo para Bolsonaro renunciasse “antes de ser renunciado”, FHC preferiu colocar panos quentes. “Não existe uma oposição organizada, desejosa de um processo de impeachment. Nós já passamos por dois a pouco tempo, sabemos o custo de um e é grande. Sempre um setor do Brasil vai achar que foi por motivos políticos e não por razões objetivas”, afirmou.

“No caso atual, o povo está em casa, com medo da pandemia. Não tem manifestação popular que se veja com força na rua. O governo não está paralisado. Eu não acho que impeachment deva ser pregado. Pode acontecer, quando o governo incinde em muito erro. Eu acho que o Bolsonaro incidiu em alguns e espero que ele pare de errar. É o melhor para o Brasil”, analisou na sequência.

Ouça abaixo a entrevista completa de Fernando Henrique Cardoso: