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Coronavírus

Pesquisadores e líderes comunitários apresentam plano de ações para combate da Covid-19 nas favelas

Documento foi apresentado aos deputados da Alerj, em reunião virtual nessa segunda-feira

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(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pesquisadores da PUC-Rio, UFRJ e Uerj, junto com lideranças comunitárias da Maré, Complexo do Alemão, Rocinha, Cidade de Deus e Santa Marta, apresentaram aos deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na última segunda-feira, um plano de ações para o enfrentamento da Covid-19 nas favelas. O documento, que já havia sido entregue ao subsecretário de saúde do Estado, Roberto Pozzan, e ao subsecretário de Atenção Primária da secretaria municipal de Saúde, Leonardo El-Warrak, traz propostas concretas em três dimensões: prevenção, atendimento médico e apoio social. Para coordenar e implementar as ações propostas, o grupo defendeu a instalação de um Gabinete de Crise de Atenção às Favelas, reunindo Estado e Município, em articulação com a Fiocruz, organizações comunitárias e universidades.

O documento contempla atitudes preventivas, como ações de comunicação, com alertas da evolução da doença e importância do uso de máscaras; teleatendimentos, realizados em parcerias com universidades; proteção de grupos vulneráveis; atenção aos grupos que podem ser vetores do vírus, como os mototaxistas, e ações de desinfecções nas favelas, a exemplo do que já vem sendo feito pela Comlurb. Na dimensão do atendimento médico, a proposta inclui a disponibilização de polos de atendimento exclusivos para Covid-19 articulados à gestão dos leitos disponíveis; espaços de quarentena assistida e proteção efetiva das unidades básicas de saúde e de assistência social. Finalmente, as ações de apoio social sugerem o uso do painel de monitoramento da Covid-19; diagnóstico e racionalização dos equipamentos de saúde locais; centros de referência para articulação de ações intersetoriais; articulação do apoio social e agilização dos sepultamentos.

O Plano de Ações é uma contribuição da sociedade para o poder público e tem como ponto de partida as especificidades das favelas do Rio de Janeiro. “A favela sempre recebeu tratamento diferente e desigual. E, neste momento, a desigualdade acaba atingindo o cotidiano de quem vive nesses locais. Não podemos medir esforços para essa população ser melhor atendida”, defendeu Leandro Castro, do coletivo Rocinha Resiste.

Na apresentação do plano, o professor Marcelo Burgos, diretor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, salientou que o documento é uma ponte para levar as necessidades das favelas do Rio de Janeiro, na perspectiva das lideranças comunitárias, aos poderes municipais e estaduais, a fim de gerar políticas públicas para o enfrentamento da pandemia. “Este documento nasce da angústia de agir neste momento extraordinário que o Brasil está vivendo. É fundamental o alinhamento das autoridades do estado e município para lidar com situação”, pontuou. Para Alam Brum Pinheiro, do Instituto Raízes em Movimento, do Complexo do Alemão, as ações precisam ser urgentes. “As favelas têm problemas sérios por descaso histórico, problemas de habitação, saneamento. As subnotificações não mostram o que de fato está acontecendo nessas regiões. O caos está instalado. Precisamos reduzir os danos que já são enormes”, alertou.

Além das autoridades públicas de saúde, pesquisadores e lideranças comunitárias envolvidas na elaboração do documento, como Magda Gomes e Leandro Castro, do Rocinha Resiste, e Eliana Sousa, do Redes da Maré, e Alan Brum Pinheiro, do Instituto Raízes em Movimento, do Complexo do Alemão, estiveram presentes na reunião desta sexta-feira Nísia Trindade, presidente da Fiocruz; Ricardo Lodi, reitor da UERJ, Claudia Gonçalves de Lima, pró-reitora de Extensão e Cultura da UERJ; Augusto Sampaio, vice-reitor para Assuntos Comunitários da PUC-Rio; e Carlos Frederico Rocha, vice-reitor da UFRJ. Também participaram da reunião Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva; Alexandre Telles, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro; Valeska Antunes, do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sindimed- RJ), Ligia Bahia, secretária regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.