Rio
Moradores da Serrinha, em Campo Grande, sofrem sem transporte público
Sub bairro da Zona Oeste do Rio não tem condução para transportar moradores e funcionários de empresas próximas da regiãoJá se tornou comum nos bairros do Rio a espera incansável por um ônibus que complementa o transporte público. Se os moradores da Zona Sul já esperam mais de 10 minutos, os residentes do bairro situado na Serra do Mendanha passam horas sem ver um carro das linhas 830 e 895, gerenciadas pela Expresso Pégaso e Autoviação Palmares (empresas que são do mesmo grupo, utilizam a mesma frota e participam do consórcio Santa Cruz).
Os passageiros relatam que, desde janeiro de 2020, a linha 895 que faz o trajeto Campo Grande – Serrinha (via Estrada do Mendanha) que passa pelos sub bairros do São Geraldo, Pedregoso e Mendanha desapareceu. Eles também questionam a demora da linha 830 que faz o trajeto Campo Grande – Serrinha (via Distrito Industrial) demora mais de 2 horas e que muitas das vezes só existe 1 carro em circulação e que quando questionam o fiscal no ponto final, na Estação de Campo Grande, recebem a resposta de que a frota foi reduzida pelo número de passageiros que utilizam o transporte.
“Já fiquei no ponto por volta de umas 2 horas esperando o ônibus e não ter o que fazer”, relata Márcia Cristina da Costa, uma cabelereira de 40 anos que atende suas clientes a domicílio, que complementa: “meu filho já veio do São Geraldo até a Serrinha a pé, andando no Sol quente porque não tinha ônibus”.
Esse drama não afeta somente os trabalhadores como o Paulo Victor, que tem mais de 2 meses que não consegue usar seu cartão vale transporte e tem que desembolsar a passagem do transporte complementar do próprio bolso, pois as vans da região não possuem validadores, mas também aos estudantes da rede pública e idosos que, além de não ter o coletivo, recebem a negativa da gratuidade por alguns motoristas do transporte complementar.
Luciana de Freitas Cabral, 42 anos, professora, relata “a situação aqui sempre foi precária, só que agora, de uns tempos pra cá, está pior… Tem dias que nem tem e, quando tem, é 1 ônibus só rodando e quando eles colocam mais sempre quebram no meio do caminho. É uma situação bem difícil. Eram duas linhas, uma que vem pelo Pedregoso e outra pelo Mendanha, mas eles tiraram que era o 895.” Ela ainda relata que os ônibus sempre estão em péssimas condições.
Um ouvinte que não quis se identificar relatou que ao entrar no ônibus de número D17046, ele se encontrava sem iluminação interna, sem campainha de parada e bancos quebrados.
Foi possível ver também que a maioria das vans de acesso ao bairro não tinha ar-condicionado, poltronas desconfortáveis e não tinham validadores de cartões Rio Card.
A Secretaria Municipal de Transportes e a Secretaria de Ordem Pública foram procuradas e responderam por meio de nota.
Confira as respostas na íntegra:
SMTR
“A SMTR informa que com relação a frota, não houve redução autorizada. A secretaria reforça que está atenta aos problemas com linhas de ônibus da Zona Oeste e destaca que já multou o consórcio Santa Cruz, responsável pelo transporte na região de Campo Grande, mais de 2.700 vezes no último ano por diferentes irregularidades, inclusive por inoperância de linhas. Além disso, a Secretaria está fazendo estudo detalhado para melhorar a oferta de ônibus na Zona Oeste.
Com relação ao ônibus identificado como D17046, ressaltamos que o veículo está fora de circulação. A SMTR acompanha os serviços prestados pelos consórcios na cidade e realiza, periodicamente, ações de fiscalização em terminais, garagens e nas ruas, além de manter monitoramento das linhas, com o objetivo de verificar as condições da frota operante. Somente em 2019, a secretaria aplicou mais de 9 mil multas aos consórcios atuantes na cidade. Reforçamos a importância da participação dos passageiros no registro de reclamações por falhas nos serviços prestados pelos ônibus para que as ações de fiscalização sejam direcionadas e os problemas encontrados, sanados. Os registros devem ser feitos pela Central de Atendimento da Prefeitura, 1746.
O veículo não está autorizado a circular. Em vistoria realizada no dia seguinte à demanda, os fiscais constataram que o ônibus mencionado estava fora de circulação. Cabe destacar que apenas o consórcio Santa Cruz, responsável pelo veículo, foi autuado 275 vezes, somente no último ano, por má conservação da frota.
A secretaria não mantém relação individual com as empresas, e sim com os consórcios, que têm, por obrigação contratual, que absorver as linhas e não deixar a população desatendida. Se as obrigações contratuais forem descumpridas, as sanções cabíveis são aplicadas e o consórcio responsável é autuado e notificado.
É preciso salientar, como dito anteriormente, que a secretaria não autorizou a redução da frota operante. O consórcio Santa Cruz, responsável pela operação das linhas 830 e 895 foi multado 50 vezes, nos últimos meses, por inoperância ou circulação de frota abaixo de determinado pela SMTR, das linhas citadas.
É preciso salientar, como dito anteriormente, que a secretaria não autorizou a redução da frota operante. O consórcio Santa Cruz, responsável pela operação das linhas 830 e 895 foi multado 50 vezes, nos últimos meses, por inoperância ou circulação de frota abaixo de determinado pela SMTR, das linhas citadas.
A linha 812, assim como as outras citadas, integram o Consórcio Santa Cruz, responsável pelo serviço na região. Em caso de paralisação ou falência de empresas, os consórcios têm, por obrigação contratual, que absorver as linhas operadas por empresas que encerraram as suas atividades. A SMTR, nos últimos meses, aplicou 59 multas ao consórcio por irregularidades na operação das linhas 830 e 895. E justamente para melhorar o atendimento das demandas a secretaria está fazendo estudo detalhado para melhorar a oferta de ônibus na Zona Oeste.
Sobre o transporte complementar, a Secretaria Municipal de Transportes realiza ações de fiscalização frequentes a fim de verificar os serviços ofertados à população. Vale lembrar que os permissionários têm obrigação de transportar uma gratuidade, por viagem, nos veículos com capacidade de nove a onze passageiros, e dois lugares, por viagem, nos veículos com capacidade de doze a dezesseis passageiros, conforme previsto na regulamentação do serviço. Em caso de descumprimento, as punições previstas são aplicadas.
SEOP:
A Coordenadoria Especial de Transporte Complementar (CETC), vinculada à Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), irá intensificar a fiscalização no local.
A ação se dá por comparação do código da carroceria com a placa dos veículos e checagem desses dados junto às bases cadastrais da Secretaria Municipal de Transporte. Havendo desencontro de dados, o veículo é apreendido.
Vale ressaltar: as apreensões de veículos piratas realizadas pelas equipes da Seop aumentaram 59% (de 148 para 236 automóveis) em comparação ao período anterior.
Desde novembro de 2019, foram realizadas quase 20 mil operações de fiscalização que resultaram em 12.856 autuações e 839 remoções – 28% delas de veículos piratas.
A maioria das ações ocorre em vias das zonas Norte e Oeste, onde há incidência de vans e kombis piratas.
O trabalho ocorre dia e noite, requer o uso do setor de Inteligência da Seop na identificação das viaturas, trajetos e dos motoristas infratores, além da realização de blitzen.
Importante ressaltar que tais ações, desenvolvidas pela CETC, têm foco na fiscalização administrativa do serviço, mas acabam colaborando com as forças policiais – que têm a obrigação de combater o crime organizado – e o Ministério Público.
As empresas Expresso Pégaso, Autoviação Palmares e a Fetranspor/Rio Ônibus foram procuradas mas até o fechamento dessa matéria, não conseguimos uma resposta.