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Bienal do Livro

‘O governo quer fechar a Ancine’, afirma Zelito Viana

O diretor e a atriz Ítala Nandi, em entrevista ao Tupi.FM, analisaram o momento atual do cinema brasileiro, dentro e fora das telonas

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O diretor e a atriz Ítala Nandi, em entrevista ao Tupi.FM, analisaram o momento atual do cinema brasileiro, dentro e fora das telonas
(Foto: Diogo Sampaio/ Tupi.FM)

Em entrevista exclusiva ao site Tupi.FM, o cineasta Zelito Viana e a atriz Ítala Nandi comentaram os recentes acontecimentos envolvendo a Agência Nacional de Cinema (Ancine), como a exoneração de Christian de Castro Oliveira da presidência do órgão, anunciada nesta sexta-feira. “Com as coisas que ainda virão será cada vez mais necessário ter força e desejo de mudança. Teremos de ser resistentes”, avaliou Ítala.

Já Zelito, em sua análise ponderou: “O governo atual quer fechar a Ancine. Mas, pela lei não podem, pois é uma agência. Porém, para conseguirem o que querem, basta não dar dinheiro, estrangular. E eles vão fazer isso, pois estão de olho no dinheiro do cinema. O país está num contingenciamento geral em todas as áreas. Então, eles estão querendo pegar o dinheiro do fundo setorial do cinema, que é um dinheiro da atividade, e vão parar. Dar uma meia trava. O que vai acontecer depois eu não sei. Vai depender de nós. Vamos ter de batalhar, lutar e trabalhar para conseguir tudo novamente”.

Ambos também falaram sobre os protestos em favor do cinema nacional e da Amazônia, na abertura da 47º edição do Festival de Gramado. Nela, um grupo de pessoas, na sua maioria artistas, levantaram cartazes contra a censura e pôsteres de filmes brasileiros. Como reação, parte do público vaiou os manifestantes e jogou  pedras de gelo neles.

“Como disse anteriormente, nós temos de ser mais resistentes que nunca, porque vai ter muito mais gente fazendo isso. A não violência está muito forte no ar. Com mais amor e generosidade que temos de combater a não violência”, defendeu Ítala. Zelito completou: “Hoje, nós temos de provar que a terra é redonda. Voltou tudo para trás”.

Boa safra de produções no cinema brasileiro

(Foto: Diogo Sampaio/ Tupi.FM)

Os dois artistas estiverem presentes no primeiro dia de eventos da Bienal do Livro Rio. Eles participaram da mesa de debates “Literatura, Cinema Novo e Jornalismo”, realizada no stand da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC – RJ), que contou ainda com as presenças do jornalista Zuenir Ventura e do cineasta Jesus Chediak, como mediador.

Para a reportagem do Tupi.FM, Ítala Nandi e Zelito Viana também falaram acerca do cenário vigente na produção do cinema brasileiro, que mesmo enfrentando adversidades, tem sido reconhecido e premiado internacionalmente. “Os filmes brasileiros tem uma qualificação maravilhosa de nossa gente. Eu estava no júri do festival de Brasília e vimos filmes do interior de São Paulo, de Minas Gerais, do Amazonas… Estamos fazendo um cinema estupendamente bom”, orgulha-se a atriz.

Zelito, que participou do processo de escolha do representante brasileiro para concorrer a uma indicação ao Oscsr 2020, explicou a decisão por “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz: “Foi relativamente fácil. Os outros filmes também eram bons e a votação foi bem apertada. Mas na verdade, ‘A Vida Invisível’ é um longa mais fácil de passar para ser nomeado ao Oscar do que o Bacurau, por exemplo. Bacurau é um filme mais difícil. Os dois filmes são muito bons e de boa qualidade. Ambos representariam bem o Brasil. Mas, interpretamos que para passar na seleção do Oscar, o filme do Karin, por tratar de um assunto mais universal e humano, menos local, seria mais palatável”.