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Fred ressalta que já pensou em largar a carreira, mas deu a volta por cima: ‘Eu estou me sentindo bem, forte’
Atacante é o artilheiro do Cruzeiro com 16 gols em 23 jogosAos 35 anos, Fred é o artilheiro do Cruzeiro no ano com 16 gols em 23 jogos. Mas nem tudo sempre foi flores. Em entrevista ao Esporte Espetacular, o jogador comentou sobre uma fase difícil da sua vida, em que pensou em largar a carreira. Na Copa do Mundo de 2014, ele foi bastante criticado por não ter marcado gols e foi chamado até de ‘cone’. Aquele momento marcou a vida do atleta, mas ele deu a volta por cima.
“Eu já pensei em parar algumas fases da minha vida. Quando eu era mais novo eu pensava em parar com 32 no máximo, depois teve a Copa do Mundo, pensei em parar também. Mas tudo passageiro assim. Só que de um tempo para cá eu estou me cuidando. Eu estou me sentindo bem, forte. Eu tenho mais esse ano no Cruzeiro e mais o ano que vêm. Depois eu quero ir ano a ano até eu me sentir bem. A bola tá entrando, fisicamente eu estou bem, e eu jogando num time encaixado, eu sei que vou fazer gol”, disse Fred.
Fred contou que teve depressão por conta do momento conturbado que vivia na vida pessoal e desabafou que se entregou para a bebida alcoólica por um longo tempo.
“Tive, Casão. Sabe por que? Eu só consigo entender hoje, sabe por que? Eu saía para o treino, do treino eu saía pra beber. Bebia vinho. Para mim era uma parada social, mas não era. Eu estava bebendo todos os dias. Não estava tendo prazer em jogar futebol. Às vezes faltava do treino. Fiquei dois, três dias. Já peguei avião, vim ao Brasil e fiquei dez dias sem comunicar o clube por que eu queria estar ao lado da minha filha. Eu acho que foi a ascensão rápida demais. Eu tive de tudo. Eu perdi um casamento. Perdi minha filha, maior amor da minha vida, aí eu estava lá, tinha dinheiro, tinha mulherada, eu estava vazio, e aquilo pra mim preenchia por instantes e eu comecei a ver que aquilo era mais forte do que eu. Eu não conseguia ficar em casa. Amanhã tem jogo, vou ficar descansando. Não. Vou sair, vou Beber. Em 2009, quando voltei ao Brasil eu achei que ia ficar perto da minha filha e ia resolver o meu problema. Isso foi um engano. Acabou não resolvendo nada. Eu fiquei seis meses no Brasil da mesma forma, até pior. Rio de Janeiro a gente conhece, mulherada, noitada, bebida, e quando eu vi que o time estava praticamente rebaixado e eu estava sendo uma decepção para aquela galera inteira. Ali eu acordei pra vida. Aí veio meu irmão, meu pai. O Francis, meu empresário. Vieram conversar como filho mesmo. Olha a sua vida, olha isso, toma cuidado, ali eu fiquei seis meses sem fazer nada. Aí demos aquela arrancada lá, saímos do rebaixamento. O esporte me tirou desse mal caminho”, ressaltou Fred.
Mesmo distante, Fred sempre mostrou um carinho especial pelo Fluminense, clube no qual é ídolo. Os torcedores pedem sua volta constantemente. O atacante não deixou de comentar sobre o clube do coração e sua saída do mesmo.
“Minha saída não teve algo específico, teve um processo de fritura. Do presidente que estava lá na época. Até que eu tive uma discussão com o Levir Culpi que é natural de vestiário. Aí comecei a entender o contexto. Aí eu falei: minha briga não é com o Levir, não é como Fluminense é com o presidente e com a diretoria. Não vou ficar aqui me desgastando tanto. Não quer, eu vou embora”, afirmou Fred.
Fred estava presente no 7 a 1 que o Brasil levou para a Alemanha. O atacante comentou sobre o que aconteceu na partida e afirmou que acredita que faltou maturidade em todos os jogadores para enfrentar a situação.
“Eu lembro que estava 2 x 0 e, preocupado, falei, calma gente. Vamos fechar um pouco a casinha. E a gente só falava em vamos virar, vamos virar. Eu acho que nós dentro de campo tínhamos que ter tido mais maturidade de enxergar que estava tudo errado, a gente estava tomando amasso, recuar um pouco, equilibrar porque até no segundo tempo a gente poderia virar. E não: a gente tomou 1 x0 , vamos virar, 2 x0 vamos virar! E a gente acabou o primeiro tempo tomando cinco a zero”, contou Fred.