Verde contra o calor! A solução para cidades como Porto Alegre

Porto Alegre, como muitas cidades ao redor do mundo, enfrenta o desafio crescente das altas temperaturas, especialmente durante o verão. A sensação de calor é intensificada em áreas urbanas densamente construídas, onde o concreto e o asfalto predominam. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2025 foi o ano mais quente já registrado, e essa tendência de aquecimento tem impactos significativos nas cidades, incluindo Porto Alegre.

O aquecimento global, impulsionado pelo aumento das temperaturas dos oceanos, é um fator chave para as mudanças climáticas que afetam os centros urbanos. Estudos indicam que o aquecimento dos oceanos não ocorre apenas na superfície, mas também em profundidades de até 2 mil metros, contribuindo para o aumento das temperaturas globais. As cidades, portanto, sentem os efeitos desse calor extremo, o que demanda soluções inovadoras e sustentáveis.

Como a arborização pode mitigar o calor?

A arborização é uma estratégia essencial para mitigar o calor urbano. O professor Paulo Brack, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destaca a importância de um planejamento adequado de arborização em Porto Alegre. Ele argumenta que aumentar a cobertura vegetal pode reduzir significativamente as temperaturas, especialmente em áreas onde o asfalto e o cimento criam ilhas de calor.

Um exemplo prático dessa diferença foi observado no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, onde a temperatura do piso atingiu 61ºC em áreas sem sombra, enquanto nas áreas arborizadas a temperatura era de 31ºC. Isso demonstra a eficácia das árvores em moderar o calor urbano. Além disso, Brack sugere que as calçadas devem ser projetadas para permitir o crescimento saudável das árvores, evitando que fiquem “estranguladas” pelo cimento.

Qual o papel dos prédios espelhados e da impermeabilização?

Os prédios espelhados, comuns no Centro Histórico de Porto Alegre, também influenciam o microclima urbano. O espelhamento deve ser restrito ao topo das edificações para refletir a luz solar, evitando o aumento do desconforto térmico nas áreas abertas. Além disso, a impermeabilização do solo, causada pelo excesso de asfalto, agrava o problema das enchentes, já que impede a absorção da água da chuva.

Heverton Lacerda, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, propõe o conceito de “cidade-esponja”, que facilita a absorção da água e ajuda a prevenir enchentes. Ele também sugere a criação de cinturões ecológicos, que além de protegerem as cidades do calor, promovem a produção de alimentos livres de agrotóxicos.

Medidas sustentáveis para um futuro mais fresco

Para enfrentar os desafios do calor urbano, é crucial adotar medidas sustentáveis. O geólogo Rualdo Menegat sugere a implementação de telhados e paredes verdes, que têm uma capacidade superior de absorver o calor em comparação com superfícies de concreto. Além disso, a criação de minibosques conectados nas cidades pode melhorar o microclima urbano.

Outra estratégia é o uso de materiais mais claros e reflexivos nas construções, para evitar a absorção excessiva de calor. Incentivar o uso do transporte coletivo com ar-condicionado e a criação de centros comunitários com piscinas são medidas que podem ajudar a aliviar o calor nas áreas urbanas.

Iniciativas e planejamento urbano

A prefeitura de Porto Alegre está ciente dos desafios climáticos e está implementando políticas públicas para tornar a cidade mais resiliente ao calor. O Plano de Ação Climática inclui ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e melhorar a qualidade de vida urbana. A arborização é uma parte estratégica desse plano, com o plantio de milhares de mudas de árvores nativas.

Além disso, a cidade está investindo em tecnologias de monitoramento, como totens com sensores meteorológicos, para estudar as temperaturas locais e emitir alertas à população. Essas iniciativas são passos importantes para enfrentar o calor urbano e criar um ambiente mais sustentável e habitável para todos os moradores de Porto Alegre.