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Conheça o lago na Tanzânia que ‘mumifica’ animais naturalmente
Esse fenômeno ocorre devido à alta alcalinidade da água, que atinge níveis de pH entre 9 e 10,5, tornando o lago um dos mais extremos do planeta
Localizado no norte da Tanzânia, próximo à fronteira com o Quênia, o Lago Natron é um dos corpos d’água mais intrigantes do mundo. Com um ambiente inóspito e características químicas únicas, ele tem a capacidade de transformar animais que entram em contato com suas águas em verdadeiras “estátuas salinas”. Esse fenômeno impressionante ocorre devido à alta alcalinidade da água, que atinge níveis de pH entre 9 e 10,5, tornando o lago um dos mais extremos do planeta.
O Lago Natron recebe esse nome devido à grande concentração de natrão, um composto mineral formado por carbonato de sódio e bicarbonato de sódio, além de outros elementos. Esses minerais são carregados para o lago a partir das colinas vulcânicas da região e, combinados com a evaporação intensa causada pelo clima árido, resultam em uma salinidade extremamente alta. Essa composição química é tão agressiva que pode causar queimaduras na pele e nos olhos de animais que entram na água, levando à morte.
O fenômeno de “petrificação” ocorre porque, após a morte dos animais, seus corpos são revestidos por uma camada de minerais que endurece ao longo do tempo. Esse processo de mumificação natural mantém as carcaças preservadas, dando a impressão de que foram transformadas em pedra. O fotógrafo britânico Nick Brandt registrou esse fenômeno em sua série fotográfica “Across the Ravaged Land”, na qual capturou imagens impressionantes de aves, morcegos e outros animais enrijecidos nas margens do lago.
Espécies adaptadas
Apesar de suas condições extremas, o Lago Natron abriga algumas formas de vida adaptadas ao ambiente hostil. Algumas espécies de microrganismos prosperam na água altamente alcalina, e o lago é um dos principais locais de reprodução dos flamingos-menores, que se alimentam das cianobactérias encontradas ali. A tonalidade avermelhada das águas, frequentemente observada em imagens do lago, é causada pela presença dessas bactérias e algas adaptadas à alta salinidade.
Outro animal que consegue sobreviver às águas do Natron é a Alcolapia alcalica, uma espécie de tilápia, da família Cichlidae, que está ameaçada de extinção.
Altas temperaturas
Outro fator que contribui para as características únicas do Lago Natron é sua temperatura, que pode ultrapassar os 40ºC. A evaporação constante e a ausência de um escoamento para outros corpos d’água fazem com que os minerais se concentrem ainda mais, tornando o ambiente cada vez mais inóspito.
Papel ecológico
Embora pareça um cenário hostil e perigoso, o Lago Natron desempenha um papel ecológico fundamental na região. Além de ser um refúgio para espécies adaptadas a condições extremas, ele serve como um importante ponto de estudo para cientistas. Estudar a adaptação da vida em ambientes extremos, pode fornecer pistas sobre como organismos podem sobreviver em condições semelhantes em outros planetas.
- Águia-pesqueira calcificada Foto: Nick Brandt
- Pombo calcificado Foto: Nick Brandt
- Flamingo calcificado Foto: Nick Brandt
- Morcego calcificado Foto: Nick Brandt
- Passeri calcificado Foto: Nick Brandt
- Andorinha calcificada Foto: Nick Brandt
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