Filme de Clint Eastwood acaba de chegar à Netflix

O sistema carcerário, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, revela um ciclo de exclusão que reflete disparidades históricas e sociais. No Brasil, onde a população carcerária ultrapassa os 700 mil, mais de 60% desse contingente é composto por negros ou pardos, uma estatística alarmante que ressalta a seletividade e o racismo estrutural do sistema de justiça. Nos Estados Unidos, o cenário é ainda mais evidente, com 66% da população prisional composta por negros, levantando questões sobre o acesso à defesa justa e a verdadeira equidade no sistema judicial.

O documentário A 13ª Emenda, dirigido por Ava DuVernay, explora essa questão, evidenciando como a criminalização de uma classe social e racialmente específica perpetua a desigualdade. Em um contexto histórico, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 garante o direito à ampla defesa, mas a realidade parece contradizer esses princípios fundamentais, com a população negra sendo alvo de políticas punitivas desproporcionais. Esses problemas são explorados em várias narrativas, incluindo em filmes como Fuga de Alcatraz, que, embora não trate diretamente de questões raciais, reflete a dinâmica de um sistema opressor e seletivo.

Lançado em 1979, Fuga de Alcatraz segue a história de Frank Morris, interpretado por Clint Eastwood, e sua tentativa de escapar da prisão de segurança máxima. O filme apresenta um personagem negro, o bibliotecário Inglês, que se destaca em um ambiente hostil, sublinhando a rara representação de personagens negros intelectualizados dentro do universo carcerário. A figura de Inglês, junto aos outros presos, como o agressivo Wolf e o esquizofrênico Doutor, dá profundidade ao enredo, sugerindo que, apesar das adversidades, a luta por dignidade e sobrevivência é universal.

Com um roteiro detalhado e sequências que exploram a engenhosidade da fuga, Fuga de Alcatraz vai além da história de uma evasão impossível. O filme também serve como uma metáfora para as complexas dinâmicas de poder, onde a prisão não é apenas um lugar físico, mas uma representação das forças sociais e raciais que moldam a sociedade. A trama de Siegel, ao abordar temas de resistência e inteligência dentro de um sistema repressivo, ressoa com as questões contemporâneas sobre a imparcialidade da justiça e a luta pela equidade.